Da maior desilusão à alegria máxima: em poucos minutos Kevin Santos viveu todo este espectro de emoções. Numa final apertadíssima do K1 200 metros, o português foi declarado o 5.º classificado, mas a apenas 38 milésimos de segundo do pódio. A olho nu, parecia impossível dizer quem havia ganhado a prova mais rápida do programa dos Europeus de Munique, com o letão Robert Alkmens a ser inicialmente dado como medalha de ouro.
Mas em poucos minutos tudo mudou. A Federação Portuguesa de Canoagem pediu uma revisão do photo finish e o atleta do Kayak Clube Castores do Arade saltou de quinto para 1.º classificado, conseguindo assim uma medalha de ouro histórica para Portugal, a primeira da seleção nacional de canoagem nestes Campeonatos da Europa de Munique, depois da prata e bronze de Fernando Pimenta no K1 1000 e K1 500, respetivamente, e do bronze de Norberto Mourão na paracanoagem.
Com a retificação dos resultados, Kevin Santos foi 1.º em 36,975 segundos, seguido então de Akmens (37,028), com o bronze a ir para o sueco Petter Menning (37,055).
“Nem sei o que dizer, muito obrigado a todos primeiro. Foi uma prova onde entreguei o melhor que tinha para dar, tudo perfeito”, começou por dizer um ainda surpreendido Kevin Santos após ouvir o hino nacional, ele que assumiu que desde há um ano que andava em busca da corrida perfeita. Nos Mundiais de Halifax, há duas semanas, havia sido 6.º nesta mesma prova.
“Desde o ano passado que procurava a prova perfeita. Falhámos o apuramento olímpico no ano passado, falhou sempre algo, falhou não, faltou. Em Halifax há duas semanas também. E finalmente a prova perfeita veio. E está aqui, a tradução da prova perfeita. Há quem não acredite, mas está aqui”, continuou o natural de Peniche, segurando a medalha de ouro, a terceira para Portugal nos Europeus multidisciplinas de Munique, depois de Iúri Leitão no scratch do ciclismo de pista e Pedro Pablo Pichardo no triplo salto do atletismo.
Numa prova em que tudo se decide por milímetros, a emoção do ouro chegou quando Kevin Santos já se tinha “conformado” com o 5.º lugar. “Mesmo assim estava orgulhoso porque não havia mais nada para entregar. Mas quando chegou a medalha de ouro… tudo faz sentido agora”, disse aos microfones da RTP, numa entrevista “interrompida” pelos festejos de João Ribeiro e Messias Baptista, que antes haviam sido quintos no K2 500.
Portugal ainda pode ambicionar mais um título europeu este domingo, com Fernando Pimenta a ser um dos favoritos na final do K1 5000, adiada de sábado para esta tarde, devido ao mau tempo que se fez sentir na cidade alemã. A prova tem início marcado para as 14h30 de Lisboa.