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Após falhar a revalidação do título europeu dos 100m por causa de dores menstruais, Dina Asher-Smith apela à investigação sobre o tema

O tema tem sido cada vez mais abordado pelas atletas que naturalmente lidam com ele. Quando uma competição coincide com a altura do mês em que uma atleta está menstruada, pode ser difícil lidar com as dores e Dina Asher-Smith é a prova disso. Chegou aos Europeus de Munique em boa forma, mas terminou a final dos 100 metros a andar. Agora pede mais investimento para que haja mais conhecimento sobre a questão

Rita Meireles

DeFodi Images

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Os próprios comentadores da competição disseram-no antes da prova: é difícil fazer uma previsão, mas Dina Asher-Smith já o tinha feito, saberia como vencer de novo. O que ninguém esperava é que a atleta tivesse terminado a final dos 100 metros nos Europeus de atletismo a andar e não a correr, falhando assim a revalidação do título. Mas foi exatamente isso que aconteceu e tudo por causa das dores menstruais.

A velocista britânica sentiu cãibras na zona dos gémeos que a impediram de continuar a prova. No final, Asher-Smith revelou que as dores em ambos os gémeos que lhe arruinaram a corrida dos 100 metros foram causadas por "coisas de raparigas". E aproveitando a deixa, a atleta defendeu a necessidade de mais fundos para ajudar as atletas a enfrentar os efeitos físicos da menstruação, insistindo que haveria "um milhão de maneiras diferentes de combater a questão" se fosse um problema sofrido pelos homens.

“Precisamos de mais financiamento. Sinto que se fosse um problema masculino haveria um milhão de maneiras diferentes de combater a questão. Mas com as mulheres só precisa de haver mais financiamento nessa área", disse Asher-Smith.

Ao mesmo tempo, a britânica alertou para a necessidade de investigação e de se falar sobre o tema: "Mais pessoas precisam de investigar o tema do ponto de vista da ciência do desporto, porque é enorme. As pessoas também nem sempre falam sobre o assunto. Por vezes, vemos raparigas que têm sido tão consistentes a terem uma falha aleatória. Nos bastidores, elas estão realmente a sofrer, enquanto todos pensam: 'O que é isso? Isso é aleatório?'".

A prova acabou por ser ganha pela alemã Gina Lückenkemper, em segundo lugar ficou Mujinga Kambundji, da Suíça, e a britânica Daryll Neita completou o pódio na terceira posição. Asher-Smith ficou longe da vitória, mas ao abordar publicamente um assunto que é considerado tabu por muitos, acabou por deixar uma marca igualmente importante.

"É mesmo frustrante. É uma pena porque estou em muito boa forma. Estava mesmo à espera de correr depressa aqui, mas por vezes não é assim que as coisas funcionam", afirmou Asher-Smith.