Na passada quinta-feira, no momento em que as Phoenix Mercury deveriam estar a aquecer para o jogo frente às Connecticut Sun, só a treinadora Vanessa Nygaard e a restante equipa técnica é que entraram em campo. As jogadoras ficaram no balneário, coladas ao ecrã da televisão para assistirem ao momento em que o tribunal russo anunciaria o destino da colega de equipa. Brittney Griner seria condenada a nove anos e meio de prisão.
“Foi como estar à espera que uma bomba caísse”, confessou Diamond DeShields.
Feita a sentença, a hipótese que resta para Griner regressar a casa exige que a Rússia e os Estados Unidos cheguem a acordo em relação à troca de prisioneiros. A decisão da justiça russa foi difícil de digerir para quem costumava partilhar a quadra com a basquetebolista.
"E ainda é suposto que joguemos este jogo", disse Skylar Diggins-Smith. "Ninguém queria jogar hoje [quinta-feira]. Como devemos sequer abordar o jogo e abordar a quadra com uma mente clara quando todo o grupo está a chorar antes do jogo?"
Ainda antes da partida, as luzes do pavilhão baixaram e jogadoras, equipas técnicas, árbitros e adeptos deram os braços durante 42 segundos, o número que Griner usa na camisola, em solidariedade com a jogadora. O silêncio só foi quebrado pelos gritos de alguns adeptos: “Tragam-na para casa”, ouviu-se na arena.
Terminados esses 42 segundos e o jogo, que as Mercury perderam por 77-64, o foco continuou a ser a situação de Brittney Griner, sentenciada por tráfico de droga na Rússia. A decisão do tribunal não surpreendeu muita gente, principalmente os analistas que acompanharam o caso e conhecem a justiça russa, mas não deixou de afetar várias pessoas.
“Foi um dia realmente emotivo para toda a nossa equipa, mas sabemos que não podíamos depositar as nossas esperanças no sistema judicial russo. Só a queremos em casa", disse Nygaard aos jornalistas.
A mensagem “Free BG” ecoou pelas redes sociais ao longo de todo o dia, com várias jogadoras da WNBA e atletas de outras modalidades a partilharem.
Erica Wheeler, das Atlanta Dream, escreveu no Twitter: "O meu coração está com a família da BG [Brittney Griner] e com a sua mulher! Hoje custou um pouco mais, ela é nossa irmã! Nem consigo imaginar como se sente a família dela! Rezo para que Deus esteja a proteger a sua mente, mas, mais importante ainda, continua a lutar BG... temos que te trazer para casa!"
Lexie Brown, que joga pelas Los Angeles Sparks, escreveu na mesma rede social: "Qualquer um que regresse à Rússia para jogar é louco. Isto está a partir-me o coração".
A jornalista Cari Champion também se pronunciou sobre o tema: “A BG é uma americana. A BG é uma atleta olímpica. A BG é uma all-star. A BG é filha, esposa, amiga. A BG é uma americana. A BG ESTÁ NUMA JAULA. A BG é nossa. Tragam-na para casa”.
Quem também foi apanhado de surpresa foram os advogados da jogadora, que esperavam apenas metade dos anos da sentença. Já Griner parecia saber para o que ia, segundo a sua advogada, mas quando ouviu a sentença o choque foi difícil de suportar.
"Ela está muito perturbada, muito stressada", disse Maria Blagovolina, uma das advogadas de Griner, aos jornalistas após a audiência. "Mal consegue falar. É um momento difícil para ela".