Filas intermináveis, adeptos a amontoarem-se em acessos afunilados, outros a treparem grades, muitos a protestarem contra o plano das autoridades que por onde e como chegariam milhares de pessoas ao Stade de France, em Paris. As confusões e os incidentes vistos na última final da Liga dos Campeões, em maio do ano passado, foram resumidos por um relatório independente como fruto de um “deficiente” planeamento da UEFA, que pediu “sinceras desculpas” meses depois de ter culpado os adeptos do Liverpool por tudo o que se viu.
Essa falácia, desmontada pelo trabalho da comissão independente liderada por Tiago Brandão Rodrigues, antigo Ministro da Educação, que considerou “incrível” não se terem registado mortes no dia do jogo, teve agora uma real consequência. Cerca de um mês volvido à divulgação do relatório, a UEFA confirmou que irá reembolsar todos os adeptos do Liverpool que estiveram no Stade de France e compraram o bilhete para a final através do clube.
Ou seja, caso assim o pretendam, a entidade terá de devolver a 19,618 pessoas o dinheiro que gastaram no seu passe para o jogo. Fazendo as contas por baixo, a quantia é considerável. Os bilhetes para a última decisão da Champions foram colocados à venda com preços entre os 70€ e os 690€, lembra o “The Guardian”, e com a mais simples conta de multiplicar se chega ao que a UEFA gastará, no mínimo - €1,373 milhões se cada um dos adeptos tiver comprado o bilhete mais barato.
A par dos já mencionados problemas, os adeptos que estiveram no Stade de France sofreram igualmente de força excessiva na atuação da polícia e ataques de pequenos grupos criminosos que aproveitaram o caos gerado nas imediações do recinto, localizado em Saint-Denis, um bairro no norte de Paris. “Tivemos em conta um enorme número de opiniões expressas em público e privado, acreditamos ter criado um esquema justo e compreensivo”, defendeu Theodore Theodoris, secretário-geral da UEFA.
Também os adeptos do Real Madrid terão direito a reembolso, mas não todos, porque a entidade formulou uma série de critérios para aferir a sua elegibilidade, consoante tenham sido “os mais afetados pelas condições de acesso ao Stade de France”.
O “The Guardian” indica que alguns escritórios de advogados que representarão cerca de três mil adeptos do Liverpool já tinham considerado, aquando da divulgação do relatório independente, que um reembolso do preço dos bilhetes seria insuficiente para compensar as pessoas afetadas pelos incidentes na final da Liga dos Campeões.