O Atlético de Madrid terminou os seis jogos da Liga dos Campeões com apenas cinco golos marcados e nove sofridos. A famosa teia defensiva, a agressividade nos duelos e os espaços que se evaporam parecem rumores distantes.
“O que se vê no campo vemo-lo todos, foram superiores, tiveram melhores transições, posicionamentos, converteram [em golo] as primeiras duas ocasiões, foram contundentes”, assim se referiu ao FC Porto o treinador do Atlético de Madrid, Diego Simeone, após a derrota no Estádio do Dragão, que se traduziu também no dramático afastamento das competições europeias.
“Há que melhorar e ver a realidade deste ano na Europa e também do ano passado”, continuou. “Custou-nos e há dois [anos] também quando fomos, no último jogo, a Salzburgo. Está a custar-nos e há que ver de que maneira podemos melhorar na Europa, os números são maus. Marcamos pouco e foram quase todos superiores a nós.”
O argentino, que cumpre a 11.ª temporada completa no banco dos colchoneros, deu a receita para a mudança. “Isto gere-se com trabalho e tranquilidade, olhando para as situações que, na Europa, nos criaram essa dificuldade em todos os jogos fora de casa, em que nos marcaram dois golo se nós não conseguimos marcar”, refletiu. Será a primeira vez que o Atlético de Simeone está fora da fase a eliminar, seja Champions ou Liga Europa, nestes quase 12 anos em Madrid. “Há que trabalhar. Falta-nos a Liga e a Taça.”
O treinador argentino aterrou na capital espanhola a dois dias do natal de 2011. Foi um regresso do futebolista que também ali fora feliz. Herdou uma situação complicada, mas o impacto foi automático. Depois disso, já se sabe, seguiram-se duas Ligas Europa, Duas Ligas Espanholas, uma Taça do Rey, duas Supertaças Europeias e uma Supertaça de Espanha. O estatuto, por isto tudo e pela forma como a equipa sempre se entregou à causa mais utilitária e laboriosa, é ainda hoje supostamente intocável.
Mas face a mais uma queda precoce, a imprensa espanhola foi implacável: “Equipa irregular, incapaz de fazer um jogo redondo”, escreve o “El País”, que sublinha os danos “de imagem e prestígio”, que são “demolidores”. O diário diz ainda que o guarda-redes Oblak foi o melhor e evitou “um escândalo maior”. Já o “El Mundo” fala de “depressão total”.
O diário “Marca” diz que a saída da Champions é uma “bofetada forte”, que deixa “sensações péssimas” em Madrid, com “níveis de otimismo de rastos”, lembrando, no entanto, que Simeone não está exatamente pouco habituado a estes momentos e tem sempre sobrevivido.
O Atlético, em terceiro lugar já a 8 e 9 pontos de Barcelona e Real Madrid, volta ao relvado no domingo, contra o Espanyol, no Wanda Metropolitano. Procura-se lamber as feridas antes do Campeonato do Mundo.