O relógio marcava 89 minutos e o Ajax até já vencia por 2-1 quando Francisco Conceição, num ataque rápido, recebeu a bola de pé direito, tirou um adversário com o calcanhar e rematou com o esquerdo. É um lance que o jovem português vai recordar para sempre, a estreia a marcar pelo clube de Amesterdão, o primeiro golo na Champions.
Mas para o adversário, o Rangers, o golo do antigo jogador do FC Porto significa ficar dono de um recorde que ninguém deseja, onde nenhum clube quer estar. O de equipa com pior registo da história da Liga dos Campeões.
Há 12 anos que o Rangers não ia à Liga dos Campeões e o regresso servirá, principalmente, como reflexão. Num grupo com Liverpool, Nápoles e Ajax, a equipa de Glasgow não fez um único ponto, o que está longe de ser algo inédito na Champions - o Benfica de 2017/18 é um exemplo. Mas nunca uma equipa terminou esta fase com uma diferença de golos tão grande: marcou apenas dois e sofreu 22, ficando assim com um registo de -20.
Antes dos escoceses, os donos do indesejável recorde eram, na verdade, dois: os croatas do Dinamo Zagreb, que em 2011/12 perderam todos os jogos e ficaram com uma diferença de golos de -19, feito igualado, curiosamente, na última terça-feira pelo Viktoria Plzen da República Checa.
Em 2014/15, o BATE Borisov terminou a fase de grupos com uma diferença ainda pior que o Rangers (-22), mas a equipa bielorrussa ainda conseguiu então vencer um dos jogos, terminando o grupo com três pontos.
Apesar da desastrosa volta à liga dos milhões, o Rangers entrou na última jornada da fase de grupos com uma ténue esperança de ir parar à Liga Europa, onde foi finalista vencido na última temporada. Num grupo completamente dominado por Liverpool e Nápoles, o Ajax tinha apenas três pontos quando entrou em Ibrox e uma vitória por cinco golos ou mais dos escoceses mudaria o decurso da história. Mas o golo de Francisco Conceição e a derrota por 3-1 confirmou não só o adeus à Europa do Rangers como um registo pouco honroso para a equipa.