O desacato verbal começou em Marselha, onde e quando o Sporting já perdia no jogo da terceira jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões, com um bate-boca entre Nuno Tavares e o banco de suplentes da equipa portuguesa. No desfecho da partida, o lateral esquerdo deu conta da insatisfação: “Fiquei muito triste com algumas bocas que recebi por parte do banco do Sporting, não estava à espera pelo carinho que tenho pelo Sporting, mas pronto, espero que o próximo jogo seja melhor”. Foi o início de uma leva de recados deixados em flash interviews ou conferência de imprensa que, esta quarta-feira, teve mais um capítulo.
Enquanto Rúben Amorim foi amenizando o sucedido, menorizando o episódio quando questionado publicamente sobre ele, o jogador português que, em 2021, o Benfica vendeu ao Arsenal para ser emprestado ao Marselha, jamais poupou nas palavras sobre a altercação. Na conferência de antevisão ao encontro desta quarta-feira, Nuno Tavares disse: “Se tinha respeito por ele, acabei de o perder nesse jogo. Se achou que foram palavras bonitas, isso é com ele”.
O internacional sub-21 português desvalorizou a hipótese de o sururu verbal lhe dar motivação extra para o novo jogo entre as equipas, na jornada da Champions que sempre repete os encontros da fornada anterior. “Não é uma motivação extra. Isso é poder acordar e jogar futebol todos os dias”, resumiu, mencionando ainda o facto de o treinador do Sporting não ter abordado o assunto quando o visaram com perguntas: “Óbvio que ele não quis falar sobre isso, não lhe convém, sabe o que disse”.
Na quarta-feira à noite, em Alvalade, findo nova partida entre as equipas que voltou a culminar em vitória para o Marselha, o lateral esquerdo aproveitou outra ocasião com um microfone diante da boca para alfinetar o tema, tocando no facto de, em 180 minutos de duelo, o Sporting ter contabilizado 138 a competir com (pelo menos) 10 futebolistas em campo - em Marselha, o guarda-redes Antonio Adán foi expulso aos 23' e, em Lisboa, o lateral Ricardo Esgaio replicou o feito aos 19'.
Comparecendo, uma vez mais, na flash interview, Nuno Tavares voltou a ser questionado acerca da divergência com Rúben Amorim e pegou na inferioridade numérica repetente. “Dentro de campo ainda tentou atiçar-me um bocadinho, mas acho que devia preocupar-se mais em manter os jogadores dele dentro de campo do que mandar ‘boquinhas’”, atirou o português, que foi titular em ambos os jogos na ala esquerda do Marselha.
O treinador do Sporting seria, também, sondado sobre a polémica, dizendo apenas que cumprimentou Nuno Tavares “à saída” e “o assunto está encerrado”. Mas o lateral que tem sido titular no Marselha durante este primeiro terço de época ofereceu um desfecho menos sorridente para o tema quando questionado sobre hipotéticas pazes feitas entre os dois. “Não tenho de as fazer, como disse, tentou mandar-me umas ‘boquinhas’ dentro de campo, nem liguei, tenho mais coisas com que me preocupar”, reforçou.
E o jogador ainda acrescentou uma frase: “Às vezes, quando se cospe, acaba por cair na testa”.