Excelência, amizade e respeito, são estes os valores mais importantes para os que vivem o espírito olímpico ao máximo. A prova disso é a recente partilha entre Gianmarci Tamberia e Mutaz Barshim. Os atletas da Itália e do Catar, respetivamente, saltaram a mesma altura no torneio olímpico de salto em altura e, quando confrontados com a opção de desempatar, decidiram partilhar a medalha de ouro.
Mas, muito antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio, já dois japoneses tinham deixado a lição bem ensinada no salto com vara.
Conhecidos como os atletas que venceram as 'medalhas da amizade', Shuhei Nishida e Sueo Oe pertenciam ao grupo de cinco que chegou à final da prova em 1936, em Berlim.
Entre os três norte-americanos e os dois japoneses, Bill Graber foi o primeiro a desistir. A marca de 4,35 metros de Earle Meadows, também dos Estados Unidos, acabou por deixar decidida a medalha de ouro. Restavam os dois japoneses e um norte-americano na luta pelas medalhas de prata e bronze.
Bill Sefton, dos EUA, falhou. Seguiu-se a decisão entre Nishida e Oe.
Os colegas e amigos não quiseram competir um contra o outro, optando por partilhar a prata. A organização recusou e fez saber que um atleta teria que ficar com a prata, que acabou por ser Nishida, e o outro com o bronze. A justificação em relação à decisão prendeu-se com o facto de Nishida ter tentado um salto mais alto que o compatriota.
Ainda assim, a decisão não convenceu os japoneses, que, quando regressaram a casa, decidiram fundir as duas medalhas após estas terem sido cortadas ao meio. Ambos ficaram com meio bronze e meia prata, mas até hoje as medalhas são conhecidas como as medalhas da amizade.
Numa Alemanha governada por Hitler, os dois japoneses foram a Berlim deixar uma lição de amizade e bondade. Um exemplo que ficou sempre associado àquilo que os Jogos realmente representam.