O selecionador português de andebol, Paulo Jorge Pereira, lamentou este domingo não ter disposto das mesmas condições dos adversários para competir em igualdade de circunstâncias nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, considerando a chegada tardia ao Japão decisiva na eliminação.
“Sinto mágoa e tristeza. Se tudo fosse feito melhor, planificado melhor, se chegássemos mais cedo, como fizeram todos os outros... Quando todos fazem diferente não podemos querer que sejamos nós os vencedores. Alguma coisa está mal...”, criticou o técnico, em declarações à Lusa, após a derrota por 31-30 com o Japão e o afastamento do torneio olímpico.
No desempate entre três seleções, todas com dois pontos no grupo B, Portugal venceu o Bahrain por um golo, o conjunto do Médio Oriente ganhou ao Japão por dois e os nipónicos bateram os lusos por um, pelo que o Bahrain ficou em vantagem e segue em frente.
O desaire ante os nipónicos aconteceu às 09:00 (01:00 em Lisboa), uma hora que preocupava o treinador, dado ao facto de a equipa só ter chegado ao Japão cinco dias antes da estreia na competição, “não cumprindo com a hora e meia por dia de recuperação para um fuso horário de oito horas”.
“Quem anda pelo mundo sabe do que falo, das implicações do ‘jet lag’. Todas as outras seleções chegaram quatro/cinco dias antes de nós. Nós estamos bem e eles mal? Ou será ao contrário? Precisávamos de 11/12 dias para estarmos prontos a jogar no máximo do nosso potencial”, vincou.
Face a esta questão, Paulo Jorge Pereira até menorizou a questão do voo cancelado em Portugal, que obrigou a uma grande transformação logística e penalizou, novamente, o seu conjunto.
“É uma pena termos esta desculpa, pois não a devíamos ter. Podemos ser um país muito melhor se nos dedicarmos mais, se formos mais competentes e nos esforçarmos mais. Da nossa parte temos feito isso, mas nem sempre as coisas correm como queremos”, completou.
Em relação ao jogo, reconheceu que a sua equipa “entrou adormecida, despertando tarde para a partida, na qual acabou por pagar a fatura na parte final”.
“Eu temia jogar com o Japão a esta hora, mais ainda quando era para decidir a qualificação. Os meus receios confirmaram-se. Eles foram mais fortes e mais competentes” assumiu.
A propósito das situações externas ao trabalho do grupo, que não consegue controlar, e às suas experiências com a seleção, promete escrever, “daqui a uns anos”, um livro com o título “O golo que falta”, considerando que o que vai explorar nessa obra se “adapta muito bem a muitos contextos da sociedade portuguesa”.
Para o futuro, o técnico espera poder contar com uma “maior base de recrutamento”, num plano de evolução que principia na “deteção de talentos”, desejando também que a seleção “continue a crescer em termos de competitividade”.