Uns Jogos Olímpicos em pandemia não permitem grandes frescuras a quem passa o dia todo entre autocarros, a sair e a entrar de pavilhões e estádios. Não há o passeio pela cidade, não há o copo ao final do dia para relaxar, tudo isso são possibilidades negadas a atletas, staff e jornalistas, pelo menos nos primeiros 14 dias em Tóquio.
Mas a organização de Tóquio 2020 parece ter mitigado essa falta de, digamos, entretenimento, fazendo do Parque de Desportos Urbanos de Ariake o melhor bar possível da capital do Japão. Bebidas disponível: não alcoólicas, claro, mas na torra do sol, aquele capaz de criar as mais risíveis e dolorosas queimaduras a quem estupidamente se esqueceu de protetor, o que se quer é água, litros e litros de água, alguns despejados desavergonhadamente cabeça abaixo como se pôde ver amiúde ali quando bateu o meio-dia em Tóquio, com trinta e muitos graus no termómetro. Banda sonora? Manobrar um skate por entre corrimões, escadas e rampas faz-se melhor com um bom som, ajuda o corpo a balançar e a fluir, e o DJ deste local de provas mereceria nota 10 do júri se o júri não estivesse ali apenas para avaliar ollies e hardflips.
Foi ao som de “Can I Kick It?”, dos A Tribe Called Quest que Gustavo Ribeiro fez a estreia de um português na estreia do skate nuns Jogos Olímpicos. A canção pergunta se podemos, como se diz na gíria, curtir a cena, e Gustavo curtiu. Na qualificação, o português não correu grandes riscos, procurou não errar, era visível que estava tranquilo a tentar agarrar sem grande fogo de artifício um dos oito primeiros lugares disponíveis para a final. Competindo no 4.º e último heat, já tinha as referências dos adversários e era possível gerir.