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uando acordou na manhã de 4 de maio de 1975, numa altura em que os pássaros já cantavam sobre o cheirinho a alecrim, António Simões sabia que seria o seu último dérbi pelo Benfica. Depois de tanto, o fim. Dois meses antes, o magriço tinha pedido ao presidente Borges Coutinho para sair no final da época. Começara a ouvir, vindo da outrora derretida bancada, o aterrador silêncio depois de um bom passe e os dilacerantes assobios a seguir a um erro. “Estão fartos de mim”, disse então. Aquele Sporting-Benfica, na penúltima jornada, em Alvalade, não era um jogo qualquer. Nunca foi, mas ganhou outra dimensão pelos caprichos dos pontos e do calendário: os encarnados podiam ser campeões pela primeira vez no campo do maior rival.