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Armando Evangelista: “O FC Porto, como equipa grande, aproveitou o único posicionamento defensivo incorreto na nossa linha”

O treinador do Arouca - que se tornou o técnico com mais jogos pelo clube na I Liga - reconheceu, após a derrota (0-1), a forma como o FC Porto “aproveitou o único posicionamento defensivo incorreto” da sua equipa, elogiando, depois, o jogo e a época da equipa

Expresso

JOSÉ COELHO/LUSA

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A análise ao jogo

“Sabíamos das dificuldades que íamos encontrar, as diferenças são evidentes. A entrada forte do FC Porto não surpreendeu, foram muito pressionantes e deram-nos pouco espaço para jogar e ter bola, mas também não fizemos aquilo que nos competia, principalmente no primeiro tempo. Exagerámos na saída de bola longa quando temos qualidade para atrair e ligar setores, para depois ir buscar espaços entre linhas e profundidade. Nesse capítulo poderíamos ter feito mais qualquer coisa nos primeiros 45 minutos. Em termos defensivos, quando não tínhamos bola e face ao caudal que o FC porto no criou, fomos muito organizados defensivamente e conseguimos estancar, não permitir grandes oportunidades.

Pena foi o golo pouco antes do intervalo porque a história poderia ser outra depois com os 15 minutos que tinha para conversar com eles. Mas, no único momento em que temos um posicionamento defensivo incorreto na nossa linha defensiva, o FC Porto aproveitou e fez golo, como equipa grande que aproveita este tipo de situações.

Na segunda parte já fomos mais Arouca, com aquilo que nos tem identificado ao longo desta época, mas o FC Porto, em vantagem, acaba por ficar mais confortável e com tantos jogadores rapidíssimos na frente, a aproveitar as nossas costas nas transições, não é fácil. De qualquer forma, arriscámos e tentámos, abrimos nos corredores com o Arsénio de um lado, que não é lateral, mas tem bom cruzamento, e outro bem aberto no lado esquerdo, mas o FC Porto é competente a defender e não nos deixou criar grandes situações de golo. Podíamos e queríamos ter saído daqui com outro resultado, de qualquer forma, trabalhámos e tentámos e ninguém nos pode acusar do contrário.”

Essas saídas demasiado rápido para o ataque são mecanismo de defesa?

“Também é verdade, concordo, porque inconscientemente isso acontece, é óbvio que sim. Recordo-me de uma transição em que o Antony ganha a frente aos adversários e trava a jogada quando tem a vantagem ganha e pode forçar. Isto acontece, é normal, faz parte do crescimento dele que tem 20 ou 21 anos, e de outros, mas isto às vezes faz a diferença. Mas nada a apontar, dentro daquilo que lhes foi pedido eles foram excecionais, pena não tirarmos pontos deste jogo quando esse era o nosso propósito.”

Lidar com a derrota nesta época

“Sim, tenho dito várias vezes, quando treinamos um clube com a dimensão do Arouca é termos como uma das prioridades preparar os nossos jogadores para também saberem perder. A gente vai perder algumas vezes e temos de saber lidar com o facto de não podermos ganhar sempre e o trabalho tem sido desenvolvido nesse sentido. Aqui não há frustração em perder e não somar, há, sim, uma semana de trabalho para preparar o próximo jogo que, novamente, vamos querer ganhar. É isso que nos tem feito chegar onde chegámos nesta casa e assim vamos continuar nestes três jogos que nos faltam.”

É o treinador com mais jogos pelo Arouca na I Liga

“Acima de tudo, houve aqui uma empatia e química muito grandes entre eu e a minha equipa técnica e o nosso presidente, o Carlos Pinho, às vezes nem temos de conversar para nos entendermos. É uma pessoa de trato fácil, sabemos o que queremos para o clube, ele acreditar no que eu trouxe para o clube e eu acredito no projeto que ele tem. Daí este número de jogos do qual me orgulho, numa vila que me acolheu e onde gosto de estar, com gente afável e que sabe receber bem. É um somatório de tudo isto que fez com que fosse possível chegar a esta marca.”

  • Iván, o (não) terrível defesa que marca muitos golos pelo FC Porto
    Crónica de Jogo

    Iván Marcano joga a central, tem 35 anos, nunca foi dos jogadores mais falados ou badalados nas oito épocas que leva no clube e marcou, em Arouca, pela 28.ª vez. Nunca houve jogador a quem se pede uma proteção à própria área marcar tanto quando sobe à outra e foi dele o golo com que o FC Porto ganhou (0-1) num jogo em que, durante muito tempo, foi previsível e sem ideias para lá das de Otávio