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Após ouvirem alegados insultos racistas a um colega, jogadores do Vila FC abandonaram partida contra o Lixa a cinco minutos do fim

O encontro da fase de apuramento de campeão da Divisão de Honra da AF Porto não terminou, com o Vila FC a queixar-se de “uma atitude lamentável de teor racista” por parte do público da casa. Lixa contesta acusações, pede “respeito”, fala em “cabala” contra o clube e diz que houve ameaças do adversário

Expresso

Stephen McCarthy/Getty

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A cinco minutos do final do jogo entre Lixa e Vila FC, da fase de apuramento de campeão da Divisão de Honra da AF Porto, um penálti deu ao Lixa o 1-0. No entanto, após o castigo máximo, os jogadores do Vila FC abandonaram o campo, alegando insultos racistas proferidos contra o defesa Kamelan Mamadou, canadiano de 20 anos.

Em comunicado, o emblema de Vila Nova de Gaia explica que a decisão de sair do relvado se deve “ao facto de, após um penálti que deu o 1-0 ao FC Lixa, a massa adepta deste clube ter tido uma atitude lamentável de teor racista para com um atleta da nossa equipa”. “Como não estavam reunidas as condições para a continuação do desafio, não restou outra opção que abandonar o mesmo”, pode ler-se.

Em resposta, o Lixa, também em comunicado, exige “respeito” pelo clube. “A cinco dias de completar 89 anos de existência, jamais na história do clube se assistiu a uma cabala como a que estamos a assistir esta temporada”. O emblema garante que irá, junto da Associação de Futebol do Porto, “expor e provar que os últimos acontecimentos são totalmente falsos e exigir que se tomem medidas drásticas a quem pretenda conseguir os seus objetivos das formas mais inaceitáveis a que vamos assistindo”, defende o Lixa.

Ao “Jogo”, Paula Sousa, presidente do Lixa, deu a sua visão do sucedido: “Um ou dois minutos antes do nosso golo, o capitão do Vila, o jogador número cinco, ganhou um lance a dois atletas do Lixa e festejou virado para a bancada por ter conseguido aquele lance. Os meus atletas, esses sim, eram de cor. Aos 87 minutos, quando existe o penálti, em que marcamos golo, os adeptos festejaram da mesma forma que o número cinco festejou virado para eles. Aí viu-se a direção do Vila FC a entrar pelo campo e a decidir que não iam continuar o jogo”, descreve a dirigente, que acusa o presidente do Vila de “ameaçar dirigentes e jogadores” do Lixa de “esfaqueamentos” quando se desse o jogo em Vila Nova de Gaia.

Segundo Paula Sousa, nem a equipa de arbitragem, nem o delegado da AF Porto, nem as forças de segurança percepcionaram qualquer atitude racista. Domingos Cristiano, técnico da equipa da casa, também considerou o sucedido “difamatório” para com o Lixa, acusando o presidente e o treinador dos visitantes de “fomentarem” a saída da equipa do campo.