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Futebol nacional

Os jogos na Liga: 42,1% são marcados para a noite, mas a melhor média de assistência veio dos que se jogaram ao fim da tarde

O Anuário do Futebol Profissional Português, publicado esta quarta-feira pela Liga de Clubes, mostra que as 84 partidas feitas entre as 17h e as 19h na época passada registaram, em conjunto, melhor média de assistência do que os 129 realizados a partir das 20h. E só um dos clássicos entre Benfica, FC Porto ou Sporting não se jogou à noite

Diogo Pombo

Zed Jameson/MB Media

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Que a Liga de Clubes tem um fraquinho por agendar jogos para a hora do jantar, fazendo do futebol um dos pratos a servir à refeição, é uma degustação já vista e sabida. Na época passada, 129 das 306 partidas realizadas na I Divisão tiveram o primeiro pontapé dado a partir das 20h, o equivalente a 42,1% do total. E dos encontros noturnos que foram marcados, 74 aconteceram a um domingo, que na manhã seguinte é procedido pelo regresso à labuta semanal.

Poder-se-ia pensar que a predominância de jogos a começarem já com o sol-posto ou em processo de baixar o estore seria decidido tendo, primeiramente, o superior interesse dos adeptos em mente - na lógica, talvez, de tal ser sustentado por uma maior adesão de quem se desloca aos estádios e compõe a fibra de que o futebol é feito. Meses depois das contas feitas no final da temporada transata pela Tribuna Expresso, um compêndio oficial de informação da Liga de Clubes parece indicar que tal não será o caso.

No anual Anuário do Futebol Profissional Português, publicado esta quarta-feira, consta uma secção dedicada ao “Espetáculo Visto das Bancadas”. Lá consta uma ligeira compartimentalização dos jogos da I Liga por horário e se desta como os que registaram “maior assistência média” aconteceram entre as 17 e as 19 horas. Apesar de mais de um terço das partidas ter sido agendada para um de seis slots horários à noite (20h, 20h15, 20h30, 20h45, 21h e 21h15), os ponteiros do relógio que mais contribuíram para chamar gente aos estádios não foram esses.

Portanto, mesmo não especificando os números, as 84 partidas feitas na época anterior durante período 17h-19h tiveram melhor média dos que os 129 jogados para lá das 20h. E dos seis encontros alcunhados, há muitos, como clássicos do futebol português, apenas um não foi marcado para horário noturno: o Benfica-FC Porto da penúltima jornada, já em maio, que arrancou às 18h. Tanto dragões e encarnados como leões importam por serem três dos cinco clubes com as médias de assistência e taxas de ocupação mais elevadas da última edição do campeonato - os outros, Famalicão (2.º) e Vizela (3.º), tiveram 15 e 12 encontros feitos à noite.

Esses clubes nortenhos foram os únicos, que não os três grandes, com médias iguais ou superiores a metade da lotação dos seus estádios (62% e 50%, respetivamente). No conjunto dos 18 recintos que acolheram partidas da I Liga a época passada, a média de assistência ficou nos 34%, segundo o Anuário feito pela Liga de Clubes em parceria com a consultora EY.

A marcação dos jogos não depende, em exclusivo, da Liga presidida por Pedro Proença, mesmo que seja um processo centralizado na entidade. No início de cada temporada, é criada uma Comissão Permanente de Calendários para “mediar, a solicitação dos clubes, a marcação dos jogos, nos casos em que se exija o acordo dos clubes”. Antes de cada uma das 34 jornadas, existe uma reunião entre a liga e representantes dos clubes da partida em questão para que seja discutida e escolhida hora para a realização do jogo com base na tabela de horários pré-definida pela “Sport TV”, detentora dos direitos televisivos do campeonato.