Perfil

Futebol nacional

Este país não é para batedores de livres diretos

Ainda não houve golos de livre direto na I Liga esta época, única exceção quando comparada com os principais campeonatos da Europa. Barroso, o jogador que mais marcou de bola parada, em Portugal, nos últimos 25 anos, e Ricardo Pereira, treinador de guarda-redes do Independiente del Valle, tentam explicar porquê

Hugo Tavares da Silva

Partilhar

Quando soava o apito, José Barroso era o senhor do momento, como se todas as luzes do planeta se focassem nele. Começava por analisar a posição do guarda-redes e calculava por que lado podia bater. Depois, virava a válvula da bola para as botas. Media a distância, tirava o pulso à inspiração e calibrava mentalmente a força do golpe. Não foram poucas as vezes que a bola adormeceu dentro da baliza. O ex-futebolista do SC Braga e FC Porto é o recordista de livres diretos na 1ª Divisão nos últimos 25 anos, com 34 golos. Juntando todos, Barroso diz que foram mais de 50.

Nos seis principais campeonatos da Europa, nesta época em curso, essa manobra vive tempos austeros — 23 livres diretos resultaram em golos, revelam dados fornecidos pela Goal­Point. Em Portugal ainda não se viu qualquer remate certeiro até agora em 65 tentativas. A melhor taxa de acerto mora na Bundesliga, com seis golos em 55 livres. Desde 2016/17 para cá (ver caixa ao lado), os jogadores mais afinados, com pelo menos 15 livres batidos, foram Iuri Medeiros (19%) e Ricardo Horta (15,8%), hoje ambos no SC Braga, o clube onde Barroso jogou mais de 10 temporadas. Em 2021/22, por exemplo, o campeonato português foi o que teve mais livres por jogo entre as principais ligas europeias, mas registou a segunda pior taxa de conversão. Só Espanha fez pior.