Marcelo, do Real Madrid, diz que comprou o Clube Desportivo de Mafra, da II Liga, para ser “uma vitrine” de jogadores brasileiros na Europa
Foi o próprio jogador do Real Madrid quem o disse, numa entrevista a um site brasileiro. A empresa do lateral esquerdo, vencedor de quatro Ligas dos Campeões e um dos capitães do Real Madrid, terá entrada com uma participação na Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) do CD Mafra, atual 8.º classificado da II Liga
27.12.2021 às 18h58

Gualter Fatia/Getty
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Nem uns 35 quilómetros são do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, de onde grande parte da viagem é feita em modo rápido, autoestrada acima, até se chegar a Mafra, onde mora um clube da II Liga que respira comunhão de coisas boas de se ver, como há dias, quando o treinador Ricardo Sousa chamou todos os jogadores da equipa para a conferência de imprensa na qual lhe faziam perguntas na ressaca da passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal. Feito histórico para uma ‘família’ dar a cara, em vez de só um indivíduo.
Vai no 8.º lugar da segunda divisão, tem no plantel poucos jogadores com vida tocada na I Liga — o defesa Bura, o médio Leandrinho ou o avançado Kikas — e está com os arraiais assentes num estádio onde cabem 6.000 pessoas. É o resumo resumido do clube que liga o futebol português a Marcelo, um dos capitães do Real Madrid, dono de quatro Ligas dos Campeões conquistadas e idas aos dois últimos Mundiais com o Brasil.
O lateral esquerdo tem uma empresa, de seu nome DOZE, através da qual terá entrado na estrutura da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotes (SDUQ) do Clube Desportivo de Mafra, segundo o próprio confirmou à “TNT Sports”, esta segunda-feira. “Estamos em processo de expansão de clubes. O Mafra foi a nossa primeira aquisição e representa o start no mercado Europeu”, disse o jogador, que em 2017 já entrara no Azuriz, clube das divisões estaduais (Campeonato Paranaense) do Brasil.
A Tribuna Expresso questionou o CD Mafra sobre este negócio, mas, até ao momento, ainda não obteve resposta, embora Marcelo já tenho falado com propriedade e conhecimento de causa: “Foi um bom negócio. Mesmo com a sua pequena estrutura, o Mafra estava bem organizado financeiramente e sem nenhuma dívida. Agora, estamos a investir na sua infraestrutura e temos a expetativa que alcance o breakeven já em 2023”.
O jogador, que tem na DOZE uma holding (espécie de empresa guarda-chuva) para várias outras empresas das quais é dono, explicou que “a idade é implementar uma estrutura que permita dar um salto no mercado europeu, traçando um elo com o Azuriz, no Brasil”. Marcelo tem 33 anos, é um dos capitães do Real Madrid e acrescentou que a intenção é o Mafra funcionar “como uma vitrine” para os jogadores formados no tal clube brasileiro — “e digo que estamos só começando, vem muita coisa aí nos próximos anos”.
Em junho, José Cristo, presidente do CD Mafra, confirmara ao “O Jogo” a existência de negociações com o jogador brasileiro. “Há aqui uma possibilidade de fazermos uma parceria com a Azuriz, onde o Marcelo também está envolvido”, revelara, excluindo a hipótese de o clube converter a atual SDUQ em Sociedade Anónima Desportiva (SAD) para acomodar a entrada de um investidor estrangeiro que ficasse como acionista maioritário.