Perfil

Futebol nacional

Marcelo, do Real Madrid, diz que comprou o Clube Desportivo de Mafra, da II Liga, para ser “uma vitrine” de jogadores brasileiros na Europa

Foi o próprio jogador do Real Madrid quem o disse, numa entrevista a um site brasileiro. A empresa do lateral esquerdo, vencedor de quatro Ligas dos Campeões e um dos capitães do Real Madrid, terá entrada com uma participação na Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) do CD Mafra, atual 8.º classificado da II Liga

Diogo Pombo

Gualter Fatia/Getty

Partilhar

Nem uns 35 quilómetros são do aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, de onde grande parte da viagem é feita em modo rápido, autoestrada acima, até se chegar a Mafra, onde mora um clube da II Liga que respira comunhão de coisas boas de se ver, como há dias, quando o treinador Ricardo Sousa chamou todos os jogadores da equipa para a conferência de imprensa na qual lhe faziam perguntas na ressaca da passagem aos quartos-de-final da Taça de Portugal. Feito histórico para uma ‘família’ dar a cara, em vez de só um indivíduo.

Vai no 8.º lugar da segunda divisão, tem no plantel poucos jogadores com vida tocada na I Liga — o defesa Bura, o médio Leandrinho ou o avançado Kikas — e está com os arraiais assentes num estádio onde cabem 6.000 pessoas. É o resumo resumido do clube que liga o futebol português a Marcelo, um dos capitães do Real Madrid, dono de quatro Ligas dos Campeões conquistadas e idas aos dois últimos Mundiais com o Brasil.

O lateral esquerdo tem uma empresa, de seu nome DOZE, através da qual terá entrado na estrutura da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotes (SDUQ) do Clube Desportivo de Mafra, segundo o próprio confirmou à “TNT Sports”, esta segunda-feira. “Estamos em processo de expansão de clubes. O Mafra foi a nossa primeira aquisição e representa o start no mercado Europeu”, disse o jogador, que em 2017 já entrara no Azuriz, clube das divisões estaduais (Campeonato Paranaense) do Brasil.

A Tribuna Expresso questionou o CD Mafra sobre este negócio, mas, até ao momento, ainda não obteve resposta, embora Marcelo já tenho falado com propriedade e conhecimento de causa: “Foi um bom negócio. Mesmo com a sua pequena estrutura, o Mafra estava bem organizado financeiramente e sem nenhuma dívida. Agora, estamos a investir na sua infraestrutura e temos a expetativa que alcance o breakeven já em 2023”.

O jogador, que tem na DOZE uma holding (espécie de empresa guarda-chuva) para várias outras empresas das quais é dono, explicou que “a idade é implementar uma estrutura que permita dar um salto no mercado europeu, traçando um elo com o Azuriz, no Brasil”. Marcelo tem 33 anos, é um dos capitães do Real Madrid e acrescentou que a intenção é o Mafra funcionar “como uma vitrine” para os jogadores formados no tal clube brasileiro — “e digo que estamos só começando, vem muita coisa aí nos próximos anos”.

Em junho, José Cristo, presidente do CD Mafra, confirmara ao “O Jogo” a existência de negociações com o jogador brasileiro. “Há aqui uma possibilidade de fazermos uma parceria com a Azuriz, onde o Marcelo também está envolvido”, revelara, excluindo a hipótese de o clube converter a atual SDUQ em Sociedade Anónima Desportiva (SAD) para acomodar a entrada de um investidor estrangeiro que ficasse como acionista maioritário.