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Futebol nacional

Uma história de amor com 11 metros

Tal como nas meias-finais e na final do último ano, o Sporting voltou a ser feliz no desempate através de pontapés da marca de grande penalidade na Taça da Liga. Renan Ribeiro travou três remates de jogadores do Sp. Braga após um empate (1-1) num jogo nem sempre bem jogado e com uma 2.ª parte algo penosa

Lídia Paralta Gomes

HUGO DELGADO/EPA

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A história recente do futebol português obrigou-nos a colocar em cima da mesa uma nova discussão. Pela constância de resultados no campeonato na última década e meia, pelas finais alcançadas, tanto cá dentro como lá fora e pelas taças ganhas, poderá o Sp. Braga chamar a si o título de 4.º grande?

Como em tudo o que é interessante discutir, há argumentos a favor e contra. Contra estará o facto de ao Sp. Braga ainda faltar uma massa adepta verdadeiramente numerosa, a capacidade para segurar jogadores e, mais importante que tudo, um campeonato nacional. Mas a verdade é que resultados como o 6-2 aplicado pelo Benfica aos minhotos há umas semanas são, cada vez mais, exceções que confirmam o que é inegável: o nível do Sp. Braga está, em termos gerais, a aproximar-se do dos ditos grandes.

O jogo desta quarta-feira entre Sp. Braga e Sporting é disso apenas mais um exemplo. Foi um jogo disputado, raramente bem jogado e, essencialmente, muito equilibrado, como boa parte dos jogos entre os grandes - bem, o clássico da véspera não foi exemplo, felizmente - costumam ser.

Por isso nada mais natural que tudo se tenha resolvido na marca dos 11 metros, depois do 1-1 no final dos 90 minutos. E quando juntamos as variáveis “Sporting” + “Taça da Liga” + “grandes penalidades” o resultado costuma ser feliz para a equipa de Alvalade, que na última temporada levantou o troféu após duas decisões em pontapés da marca de grande penalidade, tanto nas meias-finais, frente ao FC Porto, como na final, contra o V. Setúbal.

Renan Ribeiro defendeu mais uma grande penalidade que Marafona e no sábado haverá FC Porto-Sporting na final.

HUGO DELGADO/EPA

Tudo isto num jogo que prometeu mais do que aquilo que acabou por oferecer. E prometeu porque logo aos 3 minutos, o Sp. Braga marcou, numa bela jogada rápida que culminou com um cruzamento bem medido de João Novais na esquerda e uma cabeça de Dyego Sousa bem metida entre os defesas do Sporting, em claro momento de desatenção.

Do Sporting, pouco se viu nos primeiros 20 minutos, não só graças a uma estratégia do Sp. Braga de pressão alta e constante mas também culpa do que pareceu ser, a certa altura, pura e simples falta de inspiração. E enquanto o Sporting tentava encontrar-se, o Sp. Braga esteve perto do segundo aos 6’, com Wilson Eduardo a falhar remate e recarga na cara de Renan.

Sem fio de jogo, tentou Raphinha algo diferente já aos 19 minutos, numa iniciativa individual em que deu cabo de dois adversários na direita antes de fletir e rematar para a defesa de Marafona. Começava aqui a melhor fase do Sporting no jogo, com o extremo brasileiro a falhar aos 33’ um chapéu a Marafona quando seguia isolado para a baliza do Sp. Braga.

E com dificuldades na bola corrida, foi numa bola parada que apareceu o golo do empate. Aos 37’, canto de Acuña e Coates, com uma impulsão impressionante, cabeceou com potência e bem ao canto superior esquerdo da baliza de Marafona. Sem hipóteses, pois claro.

HUGO DELGADO/EPA

O início da 2.ª parte traria logo na primeira jogada mais sarna para o VAR se coçar, numas meias-finais de Taça da Liga em que se tem falado mais de ecrãs e de câmaras e de televisões do que de bola. João Novais marcou, mas Manuel Oliveira entendeu, após rever o lance, que no início da jogada Dyego Sousa havia carregado Acuña à margem das leis.

A partir daí, foi como se o jogo se ressentisse. A qualidade baixou a pique, viram-se mais balões, cortes e passes errados do que jogadas com princípio, meio e fim e apenas o cabeceamento à trave de Raul Silva aos 75 minutos abanou 45 minutos algo penosos, principalmente depois do que se viu no clássico de terça-feira.

E na decisão nas grandes penalidades, prevaleceu a história de amor do Sporting com a marca dos 11 metros, com Renan Ribeiro a fazer de príncipe das balizas e a calhar a Ryller, médio do Sp. Braga, o papel de vilão, ao falhar o último remate.