Pergunta para o leitor mais (des)atento: quem são as três equipas portuguesas que mais bola têm nos respetivos jogos?
Pausa para pensar.
Já está?
Se pensou em Benfica, FC Porto e Sporting, bom, falhou. Quer dizer, de certo modo, até acertou: o Benfica lidera a tabela, em média, com 56,6% da posse da bola e o FC Porto aparece em terceiro lugar, com 55,9% (dados da WhoScored). Mas em 2º lugar, com 56,4% de posse, não é o Sporting que aparece, como poderia ser expectável.
É o Rio Ave.
Depois de um início de época inglório, em que a equipa de José Gomes foi eliminada da qualificação para a Liga Europa pelos polacos do Jagiellonia Bialystok, o Rio Ave melhorou: venceu o Portimonense para a Taça da Liga e, depois, para a Liga, perdeu com o Feirense, venceu o Marítimo, empatou com o Tondela e venceu o Portimonense.
E, acima de tudo, mostrou o mesmo que mostrou esta noite: tem muita qualidade individual no ataque (Diego, Gabrielzinho, Galeno...), o que lhe permite deixar em sentido o adversário e, mesmo na Luz, passar longos períodos com mais bola do que o oponente (ao intervalo, tinha 57% de posse de bola).
Logo a começar, depois de uma perda de bola de André Almeida, Galeno arrancou pela esquerda - uma imagem que se repetiu ao longo dos 90 minutos - e fez um cruzamento/remate que obrigou Svilar a uma defesa apertada.

Michael Regan/Getty
O jovem guardião foi uma das novidades no onze de Rui Vitória - além de Conti, Iuri, Alfa e Rafa - que, ainda assim, manteve algumas pedras basilares: Jardel, André Almeida, Pizzi, Gedson, Seferovic e... Salvio.
E se os benfiquistas podem agradecer a alguém pela vitória de hoje, esse alguém é o homem que anda a dar dores de cabeça ao clube. É que Salvio termina contrato no final da época, tem o Inter de Milão à perna e, para já, não parece estar perto de renovar, a acreditar no que disse o seu agente, Agustín Jiménez, ao jornal "A Bola" deste sábado: "Quando não há negociações é difícil estarmos perto de chegar a acordo".
Inegociável é momento de forma do extremo argentino de 28 anos, que foi o mais ativo no ataque do Benfica e que marcou o primeiro golo, aos 21 minutos. Num canto, o árbitro Rui Oliveira viu Gabrielzinho a derrubar Seferovic e Salvio aproveitou para concretizar o penálti assinalado.
Antes disso, Seferovic também já tinha cabeceado para golo, mas a bola tinha parado numa grande defesa do guardião Léo Jardim. As oportunidades de golo mais flagrantes eram do Benfica, mas o Rio Ave também parecia confortável - e perigoso - no jogo, saindo bem para o ataque e quase chegando ao empate através de Vinicius - Jardel fez um corte que valeu um golo, verdadeiramente.
Na 2ª parte, o jogo continuou praticamente tão aberto como na 1ª, com oportunidades de parte a parte - mesmo com o Benfica a fazer o 2-0 cedo. Logo aos 50 minutos, depois de uma jogada conduzida por Salvio, Rafa recebeu a bola e aumentou a vantagem com um remate já dentro da área.
Mesmo assim, o Rio Ave continuou com projeção atacante e, aos 60', Vinicius conseguiu finalmente acertar nas redes da baliza, ao corresponder a um cruzamento de Galeno pela esquerda.
Já com Samaris (exibição desastrada, que quase dava em expulsão) em campo, por troca com Alfa, que nem sempre conseguiu travar as transições adversárias, o Rio Ave esteve perto do empate, por Gelson Dala, mas Svilar evitou o golo. Do outro lado do campo, Júnio Rocha imitou Jardel e tirou o golo dos pés de Seferovic, após cruzamento de Gedson.
Mesmo a acabar, Bruno Moreira teve na cabeça o 2-2, mas a bola passou por cima da baliza do Benfica, que continua sem perder em casa para a Taça da Liga - e já ascendeu ao primeiro lugar do grupo A, já que as outras equipas do grupo, Aves e Paços de Ferreira, empataram sem golos.
Segue-se, quarta-feira, um teste bem mais difícil, frente ao Bayern de Munique, para a Liga dos Campeões.