Entre cotoveladas, gritos, uma expulsão e muito futebol de força bruta, a nova época começou como a velha acabou: com o FC Porto a ganhar. Já sabíamos que a versão 2018/19 da equipa de Sérgio Conceição não se desviava da de 2017/18, que se sagrou campeã nacional, e a Supertaça disputada este sábado em Aveiro confirmou isso mesmo.
Pode não haver Marcano, que saiu a custo zero para a Roma, e Marega, que parece querer sair a todo o custo para o West Ham, mas o FC Porto mantém-se praticamente na mesma, ainda que com figuras menos experientes: Diogo Leite, central de 19 anos que estava no FC Porto B (e que podia ter sido campeão europeu com a seleção portuguesa, mas preferiu ficar a cumprir a pré-época com o clube), e André Pereira, avançado de 23 anos que esteve emprestado ao Vitória de Setúbal.
Foram eles os únicos nomes a destoar (pela novidade e não pela falta de qualidade, bem entendido) num FC Porto que, de resto, manteve a espinha dorsal de 2017/18: Casillas, Alex Telles, Felipe, Maxi (Ricardo foi vendido ao Leicester), Sérgio Oliveira, Herrera, Brahimi, Otávio e Aboubakar.
No seu habitual 4-4-2, os portistas rapidamente procuraram atacar a baliza adversária: logo aos cinco minutos, André Pereira descaiu para o corredor esquerdo e cruzou para a área, onde Aboubakar rematou e testou o novo guarda-redes do Aves, Quentin Beunardeau, que correspondeu com uma belíssima defesa.
Se era o FC Porto a começar melhor no que diz respeito a oportunidades de golo, também é verdade que os portistas não conseguiam controlar o jogo. Sempre que recuperava a bola, o Aves saía rapidamente para o ataque, normalmente pelo seu corredor direito - para aproveitar as subidas do lateral esquerdo portista - e criava perigo.
Foi assim mesmo que, aos 14 minutos, os vencedores da Taça de Portugal 2017/18 fizeram o 1-0. Depois de Amilton, na direita, cruzar para a área, o Aves parecia ter tido azar: a bola ia sobrar para Vítor Gomes, isolado, mas acabou por embater no árbitro Luís Godinho, que a desviou do caminho do médio. Só que, mais atrás, aparecia um outro médio, Falcão, que vinha com tudo para rematar, de primeira, para a baliza de Casillas, que não conseguiu deter o primeiro remate do Aves no jogo.
O Aves ficava em vantagem e o FC Porto pouco mostrava, mas quem tem Brahimi, tem (quase) tudo. O homem mais criativo dos campeões nacionais pegou na bola pelo corredor esquerdo, conduziu-a para dentro, tabelou com Aboubakar e voltou a receber a bola para enviá-la para dentro da baliza de Beunardeau.

FRANCISCO LEONG
O empate era merecido e o FC Porto começava a crescer mais, mas a final voltou a parecer tremida quando, perto do intervalo, Brahimi teve de sair lesionado - dando lugar a Corona.
O Aves, entretanto, assustou Casillas com um cabeceamento de Derley à figura e um remate de Nildo que passou ao lado, mas pouco mais conseguiu ofensivamente. Do outro lado do campo, após cruzamento de Corona, Felipe também esteve perto do golo, mas o guardião do Aves não o permitiu.
Na 2ª parte, o jogo aqueceu - pelas piores razões. Aos 58', Jorge Fellipe deu uma cotovelada em Herrera, que acabou a sangrar do sobrolho, mas a falta de punição ao jogador do Aves deixou Sérgio Conceição furioso. O treinador portista gritou com a equipa de arbitragem e acabou por ser expulso, tendo até sido Brahimi a tentar acalmar os ânimos.

FRANCISCO LEONG
Já com Vítor Bruno, treinador adjunto, em pé e Sérgio Conceição na bancada, o FC Porto começou a produzir mais ofensivamente e a encostar o Aves lá atrás.
Otávio já tinha estado perto do golo, mas foi outro portista a fazer o 2-1 que praticamente decidiu o jogo: Maxi Pereira, num remate sem ângulo e pelo buraco da agulha (ou melhor, das pernas de Beunardeau), após uma combinação na área com Otávio.

Gualter Fatia
José Mota ainda fez entrar Douglas, Fariña e Baldé para o ataque, mas o Aves já não conseguiu assustar o FC Porto, que pareceu sempre tranquilo com o resultado, numa 2ª parte mais forte do que a 1ª. E, perto do final, de fora da área, Corona rematou e fez o 3-1 que acabou definitivamente com o jogo.
O FC Porto conquistou a sua 21ª Supertaça (conquista que já não conseguia desde 2013) e o primeiro troféu da nova época. Bem-vindos a 2018/19.