Depois de quase cair para a Segunda Divisão em 1988/89, os dirigentes do Aris Limassol propuseram-se a avançar com uma manobra que, de tão surrealista, seria mal vista num filme de ficção científica. Mas a assinatura de um mago, na altura no Vorwarts Stey da Áustria, acabou por misturar-se mesmo com uma folha de papel com o símbolo do clube. Oleg Blokhin, Bola de Ouro em 1975 e a alma livre genial do matemático e geométrico Dynamo Kiev de Lobanovskiy, chegou a Limassol nesse verão para equipar de verde e ajudar uma geração a contar outras histórias. No final da temporada 1989/90, com o histórico futebolista soviético a deslizar com o seu 11 nas costas (foi um dos primeiros a jogar fora da URSS), o Aris terminou na quarta posição e alcançou a semifinal da Taça de Chipre. E o génio pendurou aí as botas.
“Isso era na altura das vacas gordas!”, explica Nuno Lopes, ex-futebolista e atualmente a trabalhar no scouting do Aris Limassol, um clube fundado em 1930 que, após 55 participações na Primeira Divisão, alcançou o inédito e improvável título nacional. “Havia muito dinheiro no futebol cipriota, depois baixou bastante o nível. A exorbitância de dinheiro que gastavam levou a que muitos clubes acabassem. Tivemos esse jogador aqui, agora temos o [Aleksandr] Kokorin, que continua a ser uma estrela. Lembro-me de jogar contra o [John Arne] Riise, o lateral-esquerdo”, conta. “É bom para o futebol cipriota ter esse tipo de jogadores, e eles sentem-se felizes de jogar ali de certeza, as cidades são um espetáculo, não só pelas pessoas, como pelas condições de vida que tens.”