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Fábio Silva, o aprendiz que pratica marcar golos com Van Nistelrooy

Em Eindhoven desde o Natal, o jovem avançado português marcou o penálti decisivo que deu a Taça dos Países Baixos ao PSV na primeira época de Ruud Van Nistelrooy como treinador principal, que já lhe terá ensinado um truque ou outro sobre golos. Em entrevista à “Marca”, Fábio Silva contou como está feliz no PSV

Diogo Pombo

Soccrates Images

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Se estar vivo há somente 20 anos equivale a ser um caçula da vida, futebolisticamente falando isso é tempo suficiente para já se ter uma pegada na modalidade, queira o talento com que se nasce e a sorte que seja amiga. Acumulador de golos nas camadas jovens, Fábio Silva muito prometeu quando espreitou o nível sénior no FC Porto, ainda um miúdo com corpo e cara de miúdo a ser lançado contra os adultos, lançado por Sérgio Conceição. Vinte e uma presenças, três golos e duas assistências em 2019/20 foram suficientes para 40 milhões de euros serem acenados de Wolverhampton.

Vinham da Premier League, o campeonato do dinheiro e da mediatização total, mas o português “gostava de ter continuado mais um ou dois anos no FC Porto” de modo a “sair mais preparado”. Queria “reeditar” na equipa principal o que mostrara na formação e “marcar golos, dar assistências, ganhar troféus”, só que tinha, como tem hoje, noção das coisas. “Se te dão €40 milhões por um rapaz de 18 anos, como dizes que não?”, defendeu em entrevista à “Marca” o avançado que “entende” olha para trás e “entende” a decisão do FC Porto.

Fábio Silva falou de Eindhoven com o seu cabelo encaracolado e o braço esquerdo adornado com tatuagens. Desde o Natal na cidade de onde a Phillips brotou para o mundo, o português tem em Cristiano Ronaldo “o ídolo” e na figura de Karim Benzema o modelo de jogador a seguir por terem “características em comum” de irreverência - cai-lhe no goto pois “não é o típico ‘9’ que fica na área, gosta de ter a bola, associar-se e assistir”. Tem cinco golos e duas assistências feitas em 17 jogos nos Países Baixos, onde parece ter vontade de ficar, segundo o dito ao mesmo jornal: “É importante assentar num sítio e deixar a tua marca. Quando és jovem necessitas de minutos. Estar sempre a mudar de uma equipa para a outra não é fácil.”

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O avançado tem-no feito amiúde desde que virou a transferência mais cara da história do Wolves. Foi o mais jovem a marcar pelo clube na Premier League, mas os minutos em campo decaíram na época passada, no verão mudou-se para o Anderlecht e a dança das cadeiras no banco (três treinadores esta temporada) fizeram-no procurar outro poiso. E foi ainda em Bruxelas que começou a receber chamadas de Ruud Van Nistelrooy, sabedor de uma coisa ou duas acerca de marcar golos.

O neerlandês deixou 384 em campo entre clubes como PSV, Manchester United ou Real Madrid e fez questão de seduzir o jovem português a juntar-se à primeira equipa que treina enquanto técnico principal. “O mister ajudou-me muito e sempre me dá conselhos. Às vezes, fica comigo a praticar exercícios de finalização, valorizo muito que um dos melhores avançados da história se preocupe comigo”, desvendou Fábio Silva à “Marca”. Por enquanto, diz que ninguém do Wolves lhe falou sobre o que será feito dele na próxima época.

A convivência com Van Nistelrooy estará a irradiar confiança no português, marcador do quinto penálti no recente desempate que deu a Taça dos Países Baixos ao PSV Eindhoven, frente ao Ajax. O relato de Fábio Silva, que pediu para ficar com o derradeiro pontapé, parece atestá-lo. “Gosto dessa responsabilidade, de sentir essa pressão extra. Por isso, quando chegámos aos penáltis, pedi para bater o último”, disse, revelando ainda as palavras que entregou a Drommel, guarda-redes da sua equipa: “‘Preciso que pares o penálti porque eu vou meter o meu e vamos ser campeões’”. Profético, Fábio Silva tinha razão.