As guerras mais sonoras entre Real Madrid e Barcelona, os dois gigantes do futebol espanhol, e a La Liga relacionaram-se sobretudo com a criação da polémica Superliga e com a entrada do CVC, um fundo que injetaria uma quantidade enorme de dinheiro em troca de 9% dos direitos televisivos durante 50 anos da liga espanhola.
O mais recente sururu entre as instituições prende-se com a marca El Clásico, denominação que está relacionada com o jogo e rivalidade porventura mais importantes do século XXI. Embora contra a vontade dos dois emblemas, Javier Tebas, o presidente da La Liga, registou essa marca, nos últimos anos, em vários países para ser usada a seu bel-prazer. Foi criado um logotipo e foram desenhados conceito e identidade à volta daquele jogo.
Mas os gabinetes jurídicos de ambos os clubes trataram de colocar em marcha uma contraofensiva, uma aliança fundada para ganhar poder sobre o que representam num campo de futebol num sem fim de oportunidades, nomeadamente Liga, Taça do Rei, Supertaça de Espanha, Liga dos Campeões ou Supertaça Europeia.
O braço de ferro vem desde 2017. Em 2018, contou recentemente o “El Español”, o clube de Madrid defendeu o seguinte: “A eventual titularidade [da marca] concedida a um terceiro que não seja nem o Real Madrid, nem o Barcelona, conjuntamente, quebra a finalidade da identificação da origem empresarial”. Os catalães defendiam que a tal expressão, El Clásico, nada tinha a ver com a Liga Nacional de Futebol Profissional, ou seja, não lhes deveria pertencer.
Foi por isso que, em 2021, o Tribunal Geral da União Europeia deu razão aos clubes e rejeitou o recurso da La Liga, que lutava então contra a nega na possibilidade de usarem a marca já referida.
Finalmente, em janeiro, Real e Barça decidiram dar finalmente o nó e registaram a marca El Clásico para comercialização e promoção, bloqueando assim definitivamente o seu uso pela La Liga, explicava na altura o diário já mencionado. Tebas e a La Liga foram à luta, mas a justiça europeia negou àquela instituição, em 2021, a possibilidade de ficar com o El Clásico do seu lado. O registo de ambos os clubes foi formalizado na Oficina de Patentes y Marcas.
A ideia dos clubes passava e passa por poderem explorar comercialmente a marca, não só com a venda de produtos, mas também através de digressões ou jogos no estrangeiro. A rivalidade entre Real Madrid e Barcelona, certamente com menos gás nos últimos anos com as saídas de vários protagonistas, a que se juntou um crescimento quase perverso da Premier League, estende-se ainda ao futebol feminino e principalmente ao basquetebol.
Esta quinta-feira foi oficializada a marca El Clásico na Arábia Saudita, onde joga Cristiano Ronaldo e onde há suspeitas que possa vir a atuar Lionel Messi, durante muitos anos a bandeira maior da La Liga.
O Instituto de Propriedade Intelectual saudita, ignorando as movimentações de Javier Tebas, aceitou o registo dos clubes, escreve esta sexta-feira o “El Español”, um jornal que garantiu recentemente que as relações institucionais entre Barcelona e Real Madrid se encontram no melhor estado possível, os mesmos clubes que ainda estão ao lado da Juventus contra o enterro da Superliga.