Há mais ou menos quatro anos, a BT Sport desafiou Kevin de Bruyne para desenhar o futebolista perfeito. Liderança? Vincent Kompany. Visão? Christian Eriksen. Mentalidade? Sergio Ramos. Aceleração? Leroy Sané. Capacidade de trabalho? N’Golo Kanté. E o cérebro? “Escolheria o meu, na verdade. Estou muito contente com ele.” E riu-se.
“É uma das minhas qualidades: tento saber onde os jogadores vão estar, onde tenho de meter a bola”, explicou. “No meu estilo de jogo preciso que outros façam certas corridas, é o meu dever garantir que os meus colegas podem marcar golo, criar oportunidades para eles. Tenho de os meter nas posições certas.”
Na ressaca da primeira mão da meia-final da Liga dos Campeões em Madrid, na qual Real e Manchester City empataram, o cérebro de Kevin de Bruyne, um rapaz que já tem dois níveis de treinador e que marcou um golaço no Santiago Bernabéu, foi o objeto da conversa entre Thierry Henry, Jamie Carragher e Micah Richards na CBS. “Cruzei-me com muitos jogadores, joguei com muitos, vi muitos jogadores, joguei contra alguns dos melhores, penso que o cérebro do Kevin é o melhor que já vi”, sentenciou Henry, que na carreira teve por perto Dennis Bergkamp e Lionel Messi.
“Estamos a falar da forma como ele vê o jogo. O cérebro dele está em sítios tão, tão… nem sei em que ele pensa às vezes”, continuou a lenda que conversa como jogava, ainda por cima num fato elegante e impecável, mantendo a elegância que tinha como futebolista. “Olhas para ele, parece que não está connosco. Ele é tão bom que pode ser um problema, não estás ao nível dele. Penso que é o mais inteligente que vi na minha vida. Estamos a falar do cérebro. Não fica atrás de ninguém a ver as coisas.”
Henry, ex-adjunto de Roberto Martínez na seleção da Bélgica, lembra isso mesmo - que esteve seis anos a vê-lo periodicamente e que, por isso, ficou a gostar mais um bocadinho do atleta. “Vi coisas nos treinos e nos jogos e, sim, às vezes ele ia à loucura porque é um perfecionista e um perfecionista não gosta que, se a caneta está aqui, tu vais lá e mexes, ele diz ‘não toques na minha caneta’. Ele é incrível”, assim prosseguia aquela declaração de amor. O próprio Roberto Martínez, o novo selecionador de Portugal, declarou, em abril de 2020, que de Bruyne era “único” e que “redefiniu o futebol”.