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Os Glazers, pelos vistos, mudaram de ideias e querem atrasar a venda do Manchester United: “É uma farsa”

Thomas Zilliacus protagonizava uma de três propostas de compra já submetidas à família Glazer, que detém o Manchester United e quer vender a participação no clube, mas o finlandês abdicou da corrida, culpando os donos norte-americanos por mudarem de ideias: afinal, querem mais interessados e vão abrir uma terceira fase de propostas

Diogo Pombo

Stu Forster/Getty

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Escritas tantas notícias, sendo badalados vários interessados e até depois de serem prolongados os períodos para a apresentação de propostas, julgava-se que o processo para a venda do Manchester United, apesar de imberbe, estivesse a aproximar-se da fase de discussão das ofertas. Da negociação dos valores em causa com quem se propõe a ficar com a propriedade de um dos maiores clubes do mundo das mãos dos Glazer.

A família norte-americana que comprou a primeira ação em 2003 e, dois anos volvidos, ficou com a posse maioritária da sociedade gestora do clube, contudo, terá mudado de ideias. Quem o revelou foi Thomas Zilliacus, nome de uma das três propostas que se julgavam definitivas para comprar o United numa história entrelaçada em avanços e recuos, agora conhecedora de mais um nó.

O antigo executivo da Nokia e empreendedor finlandês, outrora presidente do HJK de Helsínquia, desvendou-se ao público com uma solução original: propunha-se a pagar metade do valor desejado pelos Glazer (o clube está avaliado €3,6 mil milhões de euros), ficando a outra fatia para os adeptos que, pagando três dólares à cabeça, quisessem participar na aquisição. Seria uma forma de incluir na operação as pulsações que sustêm a alma de qualquer clube.

Mas, esta quinta-feira, Zilliacus retirou-se publicamente da corrida, alegando que os donos do Manchester United, após receberem três propostas para a compra do clube, pretendem agora abrir uma terceira fase de aceitação de propostas - quando até prolongaram a anterior, em março, para ficarem com as três que têm em mãos. Além do finlandês, as outras ofertas vieram de Jim Ratcliffe, o fundador da INEOS, gigante da indústria química, e de Sheikh Jassim bin Hamad al-Thani, filho de um antigo primeiro-ministro do Catar e dono de um dos maiores bancos do país (QIB).

Com esta alegada decisão, os donos do United perderam um dos interessados. “A licitação está a tornar-se uma farsa, os Glazer não estão a respeitar o clube. Os atrasos dificultam muito que qualquer novo dono construa uma equipa vencedora para a próxima época”, escreveu Thomas Zilliacus no Twitter, focando-se sem hesitações no futebol. “Não vou participar na farsa deste esquema para maximizar os lucros dos vendedores às custas do Manchester United”, decretou o finlandês.

Falando, ainda, no plural, Zilliacus explicou que ele, “o Sheik Jassim e Jim Ratcliffe estão prontos a negociar um acordo para comprar o United”, mas os Glazers “optaram por iniciar uma nova ronda” de propostas. Por enquanto, o recuo não foi oficialmente garantido pelo clube.

Quando o processo de venda foi anunciado e a sua gestão atribuída à Raine Group, uma consultora dos EUA, o plano era conclui-la até ao final desta temporada. A ser confirmada a abertura da nova fase de licitação, parece inviável que o prazo seja cumprido. E provável que o Manchester United arranque 2023/24 ainda envolto nesta nuvem de incerteza.