Em entrevista ao “The Guardian”, mais de um mês após o incidente, o sérvio Marko Dmitrovic confessa que conseguiu manter a calma até os seguranças retirarem do campo o adepto do PSV Eindhoven que o tentou agredir durante uma partida da Liga Europa.
O encontro era segunda mão dos dezasseis avos de final da prova, entre o PSV e o Sevilha. Já estava no período de descontos quando um adepto da equipa da casa entrou em campo e agrediu o guarda-redes sérvio. Apesar de ter sido surpreendido, como agora afirma - “Ele veio por trás, eu não o vi” -, Dmitrovic reagiu rapidamente. Conseguiu atirar o adepto neerlandês ao chão e controlou-o até os seguranças o retirarem do relvado. Na zona das flash interviews, o internacional sérvio disse, na altura: “Vou calar-me para não dizer o que realmente queria fazer com ele. Felizmente, estou feliz por saber onde ele estava e por tê-lo controlado. Se alguém me atacar eu vou-me defender.”
Agora, quase dois meses após o incidente e depois de já ter recebido um ramo de cravos vermelhos e brancos enviado em nome dos adeptos do PSV, com um pedido de desculpas e vultoso de felicidades, Dmitrovic volta a falar no assunto. “Apanha-te de surpresa, não sabes o que está a acontecer. Quem te empurrou? Porquê?”, descreve ao “The Guardian”. De sorriso na cara, o guarda-redes diz que foi um “maluco”. E, de facto, é preciso ter um grão de loucura, ou ter uma taxa de álcool no sangue de 1,6 g/l, como era o caso, para escolher um alvo com 1,94 metros de altura que pesa mais de 90 kg.
“Fizeram-lhe testes e ele tinha muito álcool no sangue; estava maluco de bêbado. Talvez ele não tivesse força para ir mais longe no campo e eu era apenas o mais próximo. Consegui manter a calma e levá-lo para fora até chegar a segurança. Não foi agradável, mas eu estava bem”, resumiu o sérvio ao jornal inglês. E esta não foi a primeira vez que Dmitrovic foi atingido. Contra o Fenerbahçe foi atingido por uma moeda, mas como disse Nemanja Gudelj, compatriota e colega de equipa no Sevilha, “ele tem uma cabeça dura”.
Entretanto, o agressor foi expulso da claque a que pertencia, perdeu o emprego, foi banido pelo PSV durante 40 anos e ainda condenado em tribunal a três meses de prisão (dois efetivos e um com pena suspensa). O mais estranho é que este adepto, Dylano K., de 20 anos, já tinha sido proibido de entrar no estádio do PSV em duas ocasiões e nem deveria ter assistido ao vivo ao encontro com os espanhóis. Segundo o jornal “De Telegraaf”, o adepto terá entrado com o passe de outra pessoa.
Na entrevista ao “The Guardian”, o guarda-redes do Sevilha mostrou-se compreensivo com o clube e os adeptos do PSV, mas deixou um recado: “O PSV proibiu-o durante 40 anos, por isso eles estavam conscientes dos erros cometidos, e as flores eram bonitas. É um grande clube, histórico, com adeptos apaixonados, e um homem não consegue manchar uma base de adeptos inteira. Se um adepto entra, há um fracasso organizacional. Isso não deveria acontecer. Isto acabou bem, mas na Turquia [em Sivasspor], um jogador da Fiorentina [Alessandro Bianco] foi atingido e ficou ferido. Ele poderia ter sido portador de uma arma, agredido alguém fortemente, ferido. Lembro-me de Monica Seles. Espero que isto assegure que não volte a acontecer”.
Dmitrovic deverá ser titular do Sevilha esta noite, em Old Trafford, frente ao Manchester United (20h, Sport TV2), mas acredita que não vai reviver um episódio como aquele: “As pessoas são apaixonadas lá, mas não me lembro de nenhum incidente em Inglaterra. Tenho a certeza que o ambiente será ótimo, nada acontecerá, exceto alguns apitos. Há muito tempo que sou um admirador, um fã, do futebol inglês. Sigo-o. Passei alguns meses em Charlton. É uma das melhores ligas. Que mais posso dizer sobre Old Trafford? Todos os jogadores adorariam ter a oportunidade de jogar lá”, confessou.