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FIFA retira Mundial sub-20 à Indonésia a menos de dois meses do arranque: “Um novo organizador será anunciado assim que possível”

A entidade que rege o futebol mundial declarou em comunicado que as “atuais circunstâncias” motivaram esta decisão. Sabe-se que um pedido para ser barrada da prova a seleção de Israel terá sido uma linha vermelha. A sugestão terá partido do governador de Bali, Wayan Koster. A carta enviada por este, que terá sido rececionada pela FIFA no dia 14 de março, alegava que as políticas da Indonésia não se coadunam com a forma como Israel lida com a Palestina

Expresso

INA Photo Agency

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Quatro dias depois de ter cancelado o sorteio para o Mundial de futebol de sub-20, a FIFA anunciou esta quarta-feira que retirou à Indonésia a responsabilidade de organizar a competição. “Um novo organizador será anunciado assim que possível, com as datas do torneio a manterem-se inalteradas”, pode ler-se no comunicado da entidade que rege o futebol mundial. Ou seja, será jogado entre 20 de maio e 11 de junho.

A FIFA declarou que as “atuais circunstâncias” motivaram esta decisão, recorrendo a este termo vago sem que explique nada em concreto. Sabe-se, no entanto, que um pedido para ser barrada da prova a seleção de Israel terá sido uma linha vermelha. A sugestão terá partido do governador de Bali, Wayan Koster. A carta enviada por este, que terá sido rececionada pela FIFA no dia 14 de março, alegava que as políticas da Indonésia não se coadunam com a forma como Israel lida com a Palestina.

Aquando do cancelamento do sorteio, na sexta-feira, os responsáveis do futebol indonésio já admitiam a possibilidade daquele desfecho estar relacionado com a sugestão de veto à presença dos israelitas.

Segundo o comunicado da FIFA, a decisão foi tomada depois de uma reunião entre Gianni Infantino, o presidente daquele organismo, e Erick Thohir, o presidente da Federação Indonésia de Futebol (PSSI). Além de perder a organização do torneio, o futebol da Indonésia poderá ser afetado por sanções.

A FIFA deu conta ainda de que, apesar da decisão anunciada esta quarta-feira, vai manter elementos do staff no país para prestarem apoio àquela federação asiática no “processo de transformação” da modalidade, uma reação à tragédia de outubro, uma invasão de campo que provocou a morte de pelo menos 125 pessoas. O presidente do governo local, Joko Widodo, fecha o triângulo que quer reformar o futebol nacional.

Na altura, um relatório de 124 páginas foi apresentado pelos investigadores a Widodo, responsabilizando a federação pelo dia trágico num estádio de futebol, na ilha de Java. "Tecnicamente, o governo não pode intervir na PSSI, mas, num país baseado em moral, ética e cultura, seria normal que o chefe da PSSI e todos os membros da direção renunciassem como forma de responsabilidade", sentenciava o documento.