O prazo fixara-se nas 21h de quarta-feira, para lá disso era jogo feito, nada mais. Só que o clã Glazer, detentor do Manchester United, talvez quisesse ouvir outras ofertas, quiçá mais chorudas, e prolongou o prazo também a pedido de uma das partes interessadas em comprar o clube. A decisão deu tempo para Sheikh Jassim bin Hamad al-Thani avolumar a quantidade de zeros à direita da primeira proposta que apresentara, enriquecendo o plano que já terá enviado aos ainda donos de um dos maiores clubes do mundo, mas, pelos vistos, cheios de vontade de largarem a instituição.
Ainda sem ser revelado se os irmãos Glazer quererão vender a totalidade da sua posse do Manchester United ou apenas uma parte, na manhã deste sábado foi noticiado, em Inglaterra, que Sheikh Jassim bin Hamad al-Thani, milionário do Catar, chegou mesmo a enviar uma segunda oferta. O “The Guardian”, a “BBC” e a “Sky New” não especificam os valores envolvidos da proposta que, a ser aceite, despertará o mesmo tipo de dúvidas suscitadas em outubro 2021, quando o Fundo de Investimento Público, liderado por Mohammed bin Salman, príncipe herdeiro da Arábia Saudita, comprou 80% do capital do Newcastle.
Na altura, a Premier League aprovou o negócio - mais tarde, foi notícia que o governo inglês, então chefiado por Boris Johnson, encorajou a tutela da prova a dar o seu aval - e confirmou a entrada de muitos milhões vindos de um país do Médio Oriente, considerado pelas Nações Unidas como responsável por orquestrar assassinato do jornalista Jamal Kashoggi, em 2018. A Amnestia Internacional e outras organizações de cariz humanitário, criticando o registo do país em direitos humanos e das mulheres, classificaram o negócio como um exemplo de “sportswashing”.
Ainda muito faltará para que assinaturas e rubricas sejam postas em folhas atrás de folhas de novos contratos, mas, caso escolham a proposta de Sheikh Jassim bin Hamad al-Thani, os manos Glazer poderão suscitar dúvidas semelhantes na venda do Manchester United. Nascido no Catar, Sheikh Jassim é filho de um antigo primeiro-ministro catari, Hamad Bin Jassim Bin Jaber Al Thani, além de dono do Qatar Islamic Bank, uma das maiores instituições bancárias do país. É também dono da Nino Two Foundation, uma fundação através da qual, como se prontificou a esclarecer, será feita a eventual entrada no clube, defendendo assim o cariz privado do negócio.
Pouco se conhece sobre Sheikh Jassim bin Hamad al-Thani além de ter estudado no Reino Unido: frequentou uma escola privada na adolescência e, mais tarde, formou-se na Real Academia Militar de Sandhurst. Terá sido durante esse período, escreve a “Sky Sports”, que fomentou o seu interesse pelo Manchester United. E tem sido noticiado que o catari quererá comprar 100% do capital do clube vencedor da Taça da Liga inglesa desta época, onde jogam Bruno Fernandes e Diogo Dalot.
Apesar de a família Glazer já ter sido informada de oito interessados na aquisição de ações do United, somente outras três ofertas já estarão formalizadas. São as de Jim Ratcliffe, um dos cidadãos britânicos mais ricos, nascido em Manchester e dono da Ineos, já proprietário do Nice, da Ligue 1 e que tentou comprar o Chelsea; o finlandês Thomas Zilliacus, antigo diretor da Nokia e proprietário do HJK de Helsínquia, gigante futebolístico do seu país, que pretende comprar metade do capital do United e convidar os adeptos a entrarerem na outra fatia; e do Elliott Management Group, fundo com intenções centradas em adquirir apenas parte do capital do Manchester United.