A última jornada da Bundesliga está marcada para 27 de maio e a final da Liga dos Campeões, último jogo da época no qual o Bayern Munique tem hipóteses de marcar presença, é a 10 de junho. Faltam 78 dias para o duelo de Istambul, mas essa proximidade com o fim da temporada não impediu o clube bávaro de tomar uma decisão radical.
Numa decisão primeiro amplamente noticiada na noite de quinta-feira e confirmada na tarde do dia seguinte pelo mais titulado emblema alemão, Julian Nagelsmann foi despedido do cargo de treinador. Simultaneamente ao anúncio da saída do banco, veio o de uma entrada: Thomas Tuchel, bávaro como o clube, é o sucessor do ainda jovem Nageslmann, de 35 anos, assinando até 2025.
A opção, informa o Bayern, foi tomada pelo CEO, Oliver Kahn, e pelo diretor-desportivo, Hasan Salihamidžić, em conformidade com o presidente, Herbert Hainer. Kahn justifica ter chegado “à conclusão de que a qualidade do plantel — apesar do título da Bundesliga no ano passado — tem se destacado cada vez menos”, sublinhando que, após o Mundial, o futebol tem “menos sucesso e é menos atrativo”, com “grandes flutuações de desempenho”, as quais “colocam em causa os objetivos para a temporada”.
Contratado em 2021 para o banco do Allianz Arena, depois de se destacar como uma espécie de menino-prodígio dos bancos europeus no Hoffenheim, primeiro, e no RB Leipzig, depois, Nagelsmann venceu, na época de estreia na Baviera, a Bundesliga e a Taça da Alemanha. No entanto, caiu nos quartos-de-final da Liga dos Campeões perante o Villarreal, uma eliminação que começou a colocar o seu trabalho em causa em Munique.
Esta temporada, apesar do triunfo contra o PSG nos oitavos-de-final da principal competição da UEFA — na ronda que agrupa os melhores oito, o adversário será o Manchester City —, a campanha interna está longe do domínio a que o Bayern se habituou. O clube, vencedor das últimas 10 edições da Bundesliga, está em segundo, a um ponto do Borussia Dortmund, quando faltam disputar nove rondas. A próxima jornada oporá, justamente, o gigante de Munique com o último clube a privá-lo do campeonato, quando em 2010/11 e 2011/12 a equipa de Jurgen Klopp se impôs.
Desde a paragem para o Mundial do Catar, a equipa onde atua João Cancelo somou, na Bundesliga, cinco vitórias, três empates e duas derrotas, registo considerado demasiado irregular pelos responsáveis do clube.

Thomas Tuchel
Chelsea Football Club/Getty
Segundo o “Bild”, o Bayern “chegou à conclusão de que Nageslmann é o principal responsável pelo momento da equipa”, que vem de perder, por 2-1, contra o Bayer Leverkusen de Xabi Alonso. A SkySports da Alemanha elenca três razões principais para o despedimento: o fraco rendimento na Bundesliga, a falta de desenvolvimento individual dos jogadores, sejam jovens talentos ou as principais contratações, e a surpresa que causou, junto de dirigentes e futebolistas, que Nagelsmann tenha ido de férias para a neve com a família, durante a pausa das seleções, quando a equipa ficou a trabalhar em Munique.
De acordo com o “Bild”, havia “desconexão” entre técnico e jogadores. Nageslmann ganhava, segundo a imprensa alemã, entre €8 a 9 milhões, num contrato até 2026. A SkySports informa que o Bayern continuará a pagar ao treinador até este arranjar novo clube.
Segundo o Sport1, a causa última para esta troca prendeu-se com o sucessor. O namoro entre Thomas Tuchel e o Bayern era antigo, mas o colosso de Munique temia que, se Nageslmann saísse só no verão, aí Real Madrid ou Tottenham, alegadamente interessados em Tuchel, pudessem estragar os planos bávaros.
Aos 49 anos, Tuchel chega a um cargo para o qual é há muito apontado. Antigo técnico de Borussia Dortmund ou PSG, teve como último trabalho a passagem pelo Chelsea, entre janeiro de 2021 e setembro de 2022. Em Londres, venceu a Liga dos Campeões, no Dragão, a Supertaça Europeia e o Mundial de Clubes, mas acabaria despedido pelos novos donos norte-americanos dos blues. Agora, terá dois meses e meio em que poderá discutir os títulos da Bundesliga, da Taça da Alemanha e da Liga dos Campeões.