O futebolista Jakub Jankto nasceu duas vezes. A primeira, em Praga, em 1996, uns meses antes de Karel Poborsky fazer aquela chapelada inesquecível a Vítor Baía, em Inglaterra. Depois, a segunda, a 13 de fevereiro de 2023, quando explicou ao mundo que não vivia em paz, que merecia ter liberdade, soltar-se de preconceitos e medos, da violência, e respirar amor. Ou uma vida normal.
Jankto, um jogador do Getafe emprestado ao Sparta de Praga, anunciou nesse dia que é homossexual. Numa entrevista à “Marca”, publicada esta sexta-feira, explicou a ressaca dessa decisão. E o que deseja que resulte daí: “Espero que tudo continue como se nada tivesse acontecido. Quero seguir em frente como jogador de futebol, não como uma pessoa homossexual. Oxalá suceda isso. Não sei o que vai acontecer no futuro, mas seguramente podemos ajudar e dar um bom exemplo. Eu quero dar um bom exemplo”.
O médio, de 27 anos, revelou estar bem. As reações ao anúncio foram “perfeitas”, tanto na República Checa, como em Espanha ou Itália, onde jogou durante sete temporadas com as camisolas de Ascoli, Udinese e Sampdoria. Esse troco que recebeu tornou tudo mais fácil, admite.
A notícia foi comunicada à família durante 2022, nomeadamente aos pais e à ex-mulher, uma pessoa que elogia por ter contribuído para uma boa resolução da história, pois ambos partilham um filho. No balneário, Jankto, 45 vezes internacional pela seleção checa, comunicou que era homossexual há uns meses. Colegas e treinador ajudaram-no a definir o caminho. “Disseram-me que não havia problema nenhum e isso ajuda muito. Quando és o primeiro jogador [a fazê-lo] é um pouco estranho, mas está tudo bem.”
A adversidade tocará à porta, certamente, está preparado para isso. O jogador do Sparta de Praga, em terceiro lugar na Liga Checa a dois pontos do Slavia, só tinha em mente sentir-se livre. “Quero viver como toda a gente. Fiz isto porque quero ajudar outras pessoas que têm uma orientação [sexual] diferente. Creio que posso ser um bom exemplo.”