Ronaldinho já não sorri como antes. Os dentes desordenados foram arranjados, mas a face perdeu brilho e pureza, os olhos parecem permanentemente cansados, a gestualidade é quase em câmara lenta, meio indiferente ao que o rodeia. O brasileiro tem 42 anos, mas parece mais velho.
No entanto, Ronaldinho é Ronaldinho, o último rei absoluto do futebol antes da era de Ronaldo e Messi, o driblador que devolveu a alegria ao Camp Nou. Vê-lo vestido para entrar num campo é um convite à nostalgia, toca em certos cantos doces da memória. Na noite de domingo, 26 de fevereiro, foi esse o poder evocado num recinto desportivo do Porto de Barcelona.
Ronaldinho passou do futebolista-sorriso para um ex-jogador que tem uma certa aura triste à sua volta, talvez por já não sorrir como antes, talvez por ser desconfortável constatar a dificuldade que tem em articular frases, mas entrou na Cupra Arena (assim chamada por razões de patrocínio, claro) para se tornar na grande atração da Kings League, o show de Gerard Piqué.
O antigo número 10 do Barcelona esteve uns minutos em campo jogando pelo Porcinos, uma das equipas da liga. Fez uns par de remates, trotou pelo relvado e adeus, aparição feita depois de dias a construir expetativa em torno da atuação de Dinho.