No dia seguinte ao Manchester City ter sido acusado pela Premier League da violação de mais de 100 regras financeiras, outro clube detido por capital do Golfo Pérsico está envolvido num caso referente a alegadas irregularidades. As autoridades francesas iniciaram uma investigação ao Paris Saint-Germain devido a “trabalho não declarado” por parte do clube da capital.
À “Reuters”, a procuradoria francesa anunciou que, “na sequência de uma queixa recebida a 13 de dezembro de 2022, foi começada uma investigação a 16 de janeiro de 2023, devido a trabalho não declarado”.
A denúncia foi apresentada por Hicham Bouajila, um tunisino cujo advogado confirmou, à mesma agência, tratar-se do queixoso. Em causa, segundo notícia do “L'Equipe”, está o facto de Bouajila ter trabalhado como conselheiro de Nasser Al-Khelaifi, mas recebendo de forma “esporádica e irregular” através de uma academia de ténis localizada em Doha.
A prática de pagar salários não através do clube, mas sim via outras empresas localizadas nos países do Golfo Pérsico que detêm os emblemas, tem estado no centro de muitas das investigações financeiras a envolver o Manchester City ou o PSG. No caso dos ingleses, tem havido numerosas queixas que apontam que os cityzens pagavam a maior parte do salário de Roberto Mancini, antigo técnico dos mancunianos, através de um outro clube em Abu Dhabi, contornando assim regras do fair-play financeiro. O City sempre negou ter cometido qualquer irregularidade.
Segundo a informação do “L'Équipe”, Hicham Bouajila começou a trabalhar com Al-Khelaifi há 20 anos, primeiro através da beIN Sports e depois na Qatar Sports Investments, subsidiária do fundo soberano do estado do Catar que detém o PSG — e que em outubro comprou 21,67% do Sporting de Braga por “aproximadamente” €20 milhões, como revelado por fonte oficial à Tribuna Expresso.
De acordo com a queixa apresentada, diversas tarefas de aconselhamento a Al-Khelaifi e ao PSG foram desempenhadas pelo tunisino de 49 anos, nunca tendo a situação deste sido regularizada. Hicham Bouajil alega ter documentos que provam que está “há muitos anos ao serviço do PSG e do seu presidente”, mas que a sua remuneração sempre foi “esporádica e irregular” e paga por uma academia de ténis sediada em Doha, com a qual nunca teve qualquer ligação.
O advogado de Bouajil, ao “L'Équipe”, revela que o pagamento era feito como se Bouajil “fosse um professor de ténis”. Entre os muitos cargos de Al-Khelaifi, antigo jogador da modalidade da bola amarela, estão a presidência da Federação de Ténis do Catar e a vice-presidência da Federação de Ténis da Ásia para o oeste asiático.
Em resposta ao “L'Équipe”, o PSG alega que Hicham Bouajila “nunca foi empregado do PSG nem da beIN Sports”.