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Messi e as confissões um mês após a final do Mundial: “Gostava que tivesse sido Maradona a entregar-me a taça”

Foi a primeira grande entrevista de Lionel Messi após o Mundial conquistado pela Argentina. À rádio argentina Urbana Play, Messi diz que “tudo mudou” depois do triunfo e arrepende-se do episódio com Wout Weghorst: “Não gostei do ‘andá para allá’. Não gosto de deixar essa imagem”

Expresso

ANNE-CHRISTINE POUJOULAT/Getty

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“Desde esse dia que tudo mudou. Para mim e para todos foi algo impressionante. Aconteceu o que tanto sonhávamos, o que tanto desejava”. Pouco mais de um mês após levantar a taça de campeão mundial em Doha, as boas ondas de choque ainda não deixaram o corpo de Lionel Andrés Messi. O genial argentino fechou o ciclo, conquistou o mais apetecido dos troféus e quando assim é nem aos 35 anos um jogador deixa de se surpreender.

“Vivê-lo com as pessoas, os meus sentimentos, o dos meus amigos e família. De toda a Argentina. Foi muito mais do que imaginava e olha que eu não imaginava pouco”, confessou à rádio argentina Urbana Play, na primeira grande entrevista após a conquista do título mundial, em dezembro.

Numa conversa aberta e pessoal, Messi frisou ainda a calma sentida na véspera da final, onde não perdeu o sono. “Fiz o que tinha feito durante todo o Mundial. Falei com Antonella [a esposa] antes de dormir, mas sem tocar no jogo ou nada de especial. Fizemos a mesma rotina de todos os dias”, explicou, referindo que durante toda a competição esteve “muito relaxado” e que naquela noite em específico sentia “uma grande tranquilidade”. Messi confessou ainda que uma das pessoas com quem falava quase todos os dias era Juan Román Riquelme, outro 10 mítico da seleção argentina.

Já sobre o momento em que Gonzalo Montiel marcou o penálti decisivo da final, é tudo mais nebuloso na cabeça do avançado do Paris Saint-Germain: “Cruzam-se muitas coisas pela cabeça e ao mesmo tempo nada. Não consegues acreditar que finalmente chegámos lá”. Messi recordou ainda a vitória como uma espécie de descarga, já que houve fases em que sofreu “muitíssimo com a seleção”.

“Muitas deceções, muitas finais perdidas”, não só na Copa América como no Mundial de 2014, no Brasil. “Estar sempre tão pertinho e que nunca se concretize… Recebi muitas críticas, de todas as maneiras, durante muito tempo e eu sei que a minha família sofria tanto ou mais que eu”, continuou, explicando que com as vitórias na Copa América em 2021 e no Mundial de 2022, “já está, já não falta nada”.

Maradona e o “Bobo”

Um dos arrependimentos de Messi durante o Mundial será a forma como se dirigiu a Wout Weghorst após a Argentina eliminar os Países Baixos nos quartos de final. “No final, não gosto do que fiz, não gostei do andá para allá. Mas são momentos de muita tensão, muito nervosismo”, explica o número 10 da seleção argentina, que frisou que não gosta “de deixar essa imagem”.

Outro lamento foi não ter Diego Maradona ao seu lado no regresso da Argentina aos títulos mundiais, depois de 1978 e 1986, este último com El Pelusa em modo semi-deus. “Gostava que tivesse sido Maradona a entregar-me a taça”, revelou Messi ao jornalista Andy Kusnetzoff. “Ou pelo menos que pudesse ter visto tudo isto, a Argentina campeã mundial, porque amava a seleção e desejava isto”, continuou o atacante, que acredita que muita gente, incluindo Maradona, fazia força “desde lá de cima” até nos momentos mais difíceis, que, sem surpresa, aconteceram com a derrota na estreia com a Arábia Saudita, embora Messi afirme que o jogo mais complicado foi o seguinte, frente ao México: “Penso que foi o jogo onde estivemos pior, porque tínhamos de ganhar, sim ou sim. Isso faz-te jogar de maneira diferente”. Messi diz que, no entanto, sempre acreditou que a equipa ia chegar à fase a eliminar, que tudo “se ia endireitar”.

“Se não tivéssemos aquele grupo, se calhar teria sido difícil de superar”, garantiu o craque argentino, agora de regresso a França e ao Paris Saint-Germain.