Xavi Hernández chegou, em novembro de 2021, ao Barcelona para tentar ter, como treinador, sucesso semelhante ao que obteve como jogador. Os primeiros tempos foram agitados, muito devido ao período atribulado que os catalães atravessavam, mas as engenharias financeiras que, no verão, permitiram apetrechar o plantel deram novas armas ao técnico que, enquanto médio, era uma espécie de guardião espiritual do famoso ADN Barça.
Apesar da desilusão na Liga dos Campeões, com o Barcelona a cair na fase de grupos da prova perante a oposição de Bayern Munique e Inter de Milão, a nível interno a temporada tem sido de recuperação do nível competitivo do clube sob o qual continua a pairar um sentimento de orfandade face à partida de um certo número 10 argentino que colocou, durante mais de uma década, os blaugrana no topo da bola internacional.
Em Girona, num embate catalão, o Barça venceu por 1-0, graças a um golo de Pedri, que tem acrescentado golos ao seu maravilhoso futebol. Foi o sexto do médio em 2022/23, ele que nas duas temporadas anteriores nunca tinha passado dos cinco.
Com este triunfo, a equipa de Xavi consolidou a liderança da La Liga e ficou, provisoriamente, com mais seis pontos que o Real Madrid, que tem uma jornada menos. E os números que sustentam este primeiro lugar demonstram que, para recuperar a grandeza perdida, o Barça do lendário número 6 tem-se baseado na força defensiva.
Pedri e Ansu Fati festejam o golo do médio contra o Girona
Soccrates Images/Getty
Foi o terceiro triunfo seguido por 1-0, depois de Getafe e Real Sociedad. Desde abril de 1980 que o Barça não ganhava três vezes consecutivas por 1-0 e esta sequência de resultados atesta a regularidade defensiva da equipa.
Nas 18 jornadas da La Liga, Ter Stegen só sofreu seis golos, não sendo batido em 14 desafios. Desde o Deportivo da Corunha, em 1993/94 — cinco golos encaixado e 15 balizas deixadas a zeros — que não se assistiam a registos assim em Espanha.
Depois de já ter conquistado a Supertaça de Espanha, frente ao Real Madrid, e de ter presença assegurada nas meias-finais da Taça do Rei, a campanha no campeonato, o principal objetivo na época, reforça as esperanças de voltar aos grandes êxitos. Mesmo não tendo contado com o castigado Robert Lewandowski na três últimas rondas, o Barça tem 47 pontos em 18 jornadas, registo muito superior ao do passado recente.
Na última época, o Barça tinha 28 pontos após 18 partidas e, na anterior, somava 34 em igual período. Desde 2017/18, quando os catalães tinham 48 pontos em 18 jornadas, que não se via um Barcelona tão forte no campeonato. Tendo a segurança defensiva como grande arma e viajando nos pés encantados de Pedri e Gavi, em Camp Nou sonha-se com o regresso ao título espanhol, que escapa desde 2018/19, quando ainda havia o tal argentino com o número 10.