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Futebol internacional

Uma agressão em 1991 e a denúncia da mãe de Gio Reyna em 2022: após os ‘oitavos’ no Mundial, o selecionador dos EUA está a ser investigado

É um caso que está a abalar a seleção nacional norte-americana. Gregg Berhalter está a ser investigado depois de Danielle Reyna ter denunciado à federação uma agressão do selecionador à sua mulher, que aconteceu há mais de 30 anos. Tudo terá sido espoletado pelas palavras de Berhalter sobre Gio Reyna, o seu filho

Rita Meireles

Stephen Nadler/ISI Photos

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A seleção dos Estados Unidos foi uma das que terminou o ano no Catar a jogar o Mundial. A equipa chegou aos oitavos de final, fase em que foi eliminada pelos Países Baixos. Terminada a pausa para o torneio, e numa altura em que o foco passava de novo para os clubes, uma investigação está a marcar o início de 2023. E com um enredo maior do que parecia inicialmente.

A federação norte-americana (USMNT) contratou uma empresa de advogados para levar a cabo uma investigação ao selecionador Gregg Berhalter, na sequência de um incidente que ocorreu em 1991. Segundo o próprio treinador, alguém partilhou com a federação informações que o iriam “derrubar” e que davam conta de uma agressão a uma mulher. Tudo aconteceu durante uma discussão com a então namorada, que viria a tornar-se sua esposa, numa altura em que estavam ambos na universidade.

"No outono de 1991, conheci a minha alma gémea. Tinha acabado de fazer 18 anos e era caloiro na faculdade quando conheci a Rosalind", escreveu no Twitter o selecionador, dando o seu lado da história. "Numa noite, enquanto bebia num bar local, a Rosalind e eu tivemos uma discussão acalorada que continuou lá fora. Tornou-se físico e eu dei-lhe um pontapé nas pernas".

A confissão da agressão chegou na passada terça-feira e apenas um dia depois já se sabia quem havia sido o responsável pela partilha de informação com a federação. Ou neste caso, a responsável. Danielle Reyna, esposa do ex-capitão da seleção dos Estados Unidos Claudio Reyna e mãe de Gio Reyna, que joga atualmente na equipa, contou a Earnie Stewart, diretor desportivo da USMNT, sobre o caso de violência doméstica de Berhalter. O motivo? Ficou frustrada com os comentários feitos sobre o seu filho após a eliminação da equipa do Mundial 2022.

Em causa está o momento em que o treinador disse que "um jogador" foi quase enviado para casa durante o Mundial por não corresponder às expectativas dentro e fora do campo. Em momento algum Berhalter disse o nome do jogador, mas uma publicação de Gio Reyna logo após as declarações do treinador revelaram que seria sobre ele.

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“Mesmo antes do Campeonato do Mundo, o treinador Berhalter disse-me que o meu papel no torneio seria muito limitado. Fiquei devastado. (...) Sou também uma pessoa muito emotiva e reconheço plenamente que deixei as emoções levarem a melhor e afetarem o meu treino e comportamento durante alguns dias após ter conhecimento sobre o meu papel limitado. Pedi desculpa aos meus colegas de equipa e treinador e foi-me dito que fui perdoado. Depois disso, abdiquei do meu desapontamento e dei tudo o que tinha dentro e fora do campo”, lê-se.

O casal Reyna conhece o caso de violência que Berhalter protagonizou porque Danielle era colega de quarto e amiga de Rosalind durante os tempos de universidade.

"Achei especialmente injusto que o Gio, que tinha pedido desculpa por agir de forma imatura, ainda estivesse a ser arrastado pela lama quando o Gregg tinha pedido e recebido perdão por fazer algo muito pior na mesma idade", escreveu Danielle numa declaração.

A partir daqui, a investigação ao treinador pode demorar meses e a federação terá que tomar a decisão de oferecer ou não um novo contrato a Berhalter, visto que o seu terminou no último dia de 2022. Na passada quarta-feira, foi anunciado que o adjunto Anthony Hudson irá liderar a equipa durante o mês de janeiro, na Califórnia.