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O diretor desportivo do Al Nassr e a contratação de Ronaldo: “Vamos ver o desenrolar das coisas até ao final do ano”

Depois de rescindir contrato com o Manchester United, Cristiano Ronaldo ficou sem clube e é agora um dos maiores mistérios do mercado de inverno. A imprensa espanhola diz que o seu futuro passa pela Arábia Saudita e o luso-brasileiro Marcelo Salazar não desmente, mas diz não estar “autorizado a falar” sobre o tema, admitindo, no entanto, que se trata de uma “negociação que tem uma magnitude enorme”

Rita Meireles

Uma imagem que marca o Mundial 2022 de Ronaldo: o avançado no banco

PATRICIA DE MELO MOREIRA/Getty

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A confirmar-se a teoria de que Cristiano Ronaldo vai ser jogador do Al Nassr a partir do próximo mês, o capitão da seleção irá encontrar uma outra pessoa com ligação a Portugal na Arábia Saudita. Marcelo Salazar é o nome do diretor desportivo do clube, o luso-brasileiro que jogou futsal, incluindo 50 internacionalizações pela equipa portuguesa, tentou uma carreira como treinador e acabou por seguir uma dica de Pedro Emanuel e assumir o cargo que tem hoje.

Segundo a imprensa espanhola, falta apenas uma assinatura para que o acordo avance. O jornal “Marca” coloca Cristiano Ronaldo a receber 200 milhões de euros por época, assinando um contrato que o fará jogar até aos 40 anos.

Em entrevista ao website desportivo Flashscore, Salazar não avançou muito sobre o tema, realçando que será mesmo preciso esperar até ao final do ano para se conhecer o desfecho deste negócio.

“Não estou autorizado a dizer nem que sim, nem que não. Vamos aguardar e ver o desenrolar das coisas até ao final do ano. Como devem perceber esta é uma negociação que tem uma magnitude enorme, não só para o clube, mas para o país e para o futebol mundial, e que tem de ser conduzida por instâncias superiores”, afirmou o diretor.

Apesar de ter desvendado pouco, Marcelo Salazar não poupou nos elogios ao jogador: “O que eu posso dizer é que o Cristiano Ronaldo é um dos melhores da história do futebol. Sempre foi um exemplo para mim enquanto atleta, pela vontade que mostra de vencer. E depois, como cidadão português, torci sempre por ele. Mas na hora certa o futuro vai ser revelado”.

A possível ida de Cristiano Ronaldo para um clube da Arábia Saudita tem dado muito que falar por vários motivos. Primeiro porque vai contra a vontade que o jogador sempre mostrou de permanecer na Europa e jogar na Liga dos Campeões, e depois porque o coloca como um dos rostos de um país que vai contra os direitos humanos de diversos grupos, como as mulheres e os homossexuais. Há ainda quem questione o nível de competitividade do campeonato árabe, como é o caso do treinador Carlo Ancelotti.

Mas Salazar acredita que muitas das pessoas que criticam fazem-no por desconhecimento.

“Criticar o que se ignora é muito fácil. Eu já estou aqui há cinco anos e todos os jogadores com os quais conversei ficam muito surpreendidos pela positiva quando aqui chegam, sobretudo pelo nível do campeonato. Aconteceu com o Luiz Gustavo, que é internacional brasileiro e já venceu a Liga dos Campeões pelo Bayern. É normal para quem não conhece. Já quando o David Ospina se mudou para cá disseram na Colômbia que era o passo errado, mas a Arábia Saudita mudou muito”, explicou.

A mudança começou em 2017, com a chegada de Turki Al-Sheikh como ministro do desporto. Cinco anos mais tarde, Salazar acredita que o campeonato da Arábia Saudita “é o mais forte do continente asiático neste momento”.

Além de Cristiano Ronaldo, o diretor desportivo confessou que o Al Nassr tem sempre um olho na liga portuguesa, onde já foram buscar jogadores. “Portugal tem um campeonato com o qual sempre procuramos desenvolver uma boa comunicação para obter boas informações. Existem sempre bons jogadores, que acabam por ter um rendimento acima da média quando jogam na Arábia Saudita, e não é só no Al Nassr”, disse.