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Mbappé ponderou renunciar à seleção depois dos insultos racistas no Euro 2020: “Não posso jogar para pessoas que acham que sou um macaco”

O ainda campeão do mundo em título, de 23 anos, revelou em entrevista que os insultos e abuso que recebeu após o penálti falhado contra a Suíça o fizeram questionar a continuidade na seleção francesa. “Penso que desistir não teria sido uma boa mensagem, porque eu acho que sou um exemplo para toda a gente”

Expresso

Marcio Machado

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Kylian Mbappé tinha 19 anos quando levou o troféu de campeão do mundo. Na Rússia, o avançado francês confirmou toda a velocidade e malabarismo com os pés e, além de ser a revelação da prova, foi muitíssimo influente na conquista do título mundial da França, que só acontecera uma vez na história, em 1998.

De lá para cá, o miúdo já menos miúdo tornou-se numa estrela planetária. Ganha milhões como quem conta estrelas no céu, continua a fazer golos com vontade no PSG e está agora a poucos dias de correr e jogar por revalidar o título de campeão mundial, algo que só dois países haviam feito – Itália (1930, 1934) e Brasil (1958, 1962).

Outra faceta que o parisiense, agora com 23 anos, parece ter é a desenvoltura e abertura para responder em entrevistas. Desta vez, conversou com a revista “Sports Illustrated”. Voltou a mencionar a história com Emmanuel Macron, o Presidente francês, com quem teve telefonemas em “dezembro, janeiro, fevereiro, março, …”, com o chefe de estado gaulês a tentar assegurar ou pelo menos tentar convencer o futebolista a ficar em Paris perante o assédio do Real Madrid.

Depois da risota enquanto contava esse episódio, denunciando quem sabe alguma insistência por parte do governante, Mbappé contou um episódio infeliz. Aconteceu após o penálti falhado nos oitavos de final contra a Suíça, no Euro 2020, jogado no verão de 2021 devido à pandemia de covid-19.

Os ataques, abuso e os insultos racistas e gratuitos perseguiram-no. E o jogador sentiu que não estava a ser protegido pela federação de futebol daquele país, o que o levou a pensar renunciar à seleção. “Eu disse: ‘Não posso jogar para pessoas que acham que sou um macaco. Não vou jogar’”, relatou à revista. “Mas, depois, refleti com as pessoas que estão à minha volta e que torcem por mim, e penso que desistir não teria sido uma boa mensagem, porque eu acho que sou um exemplo para toda a gente.”

O futebolista mencionou que esta “é uma nova França” e que não desistiu para transmitir uma mensagem para a geração mais jovem: “Somos mais fortes do que isso.”

O Campeonato do Mundo, no Catar, arranca no dia 20 de novembro e prolonga-se até 18 de dezembro. A França, do Grupo D, jogará com Austrália, Dinamarca e Tunísia a 22, 26 e 30 de novembro.