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Cristiano Ronaldo regressou aos golos após castigo e com elogios do treinador: “Procurou sempre estar no lugar certo, nunca desistiu”

Erik ten Hag voltou a apostar no português depois de o deixar fora do encontro com o Chelsea na Premier League, um castigo pela saída intempestiva do estádio quando o Manchester United - Tottenham da jornada anterior ainda não tinha terminado. Na Liga Europa, o português marcou na vitória por 3-0 frente ao Sheriff e recebeu também elogios da imprensa

Expresso

PETER POWELL/EPA

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A notícia está diretamente relacionada com o momento. Não fosse o contexto atual, e o golo marcado por Cristiano Ronaldo frente ao Sheriff seria digno de uma ou duas frases, no máximo. Mas foi apenas o terceiro da época para um dos maiores goleadores da história, o primeiro num regresso difícil depois de ter sido castigado por Erik ten Hag, que até pôs o português a treinar à parte pela atitude inusitada frente ao Tottenham.

Pouco utilizado, o capitão da seleção portuguesa recusou-se a entrar em campo perto do fim do jogo e abandonou mesmo o estádio antes do apito final. Esta quinta-feira, o filme foi muito diferente e a imprensa inglesa não se cansou de referi-lo.

“O regresso de Cristiano Ronaldo depois de um hiato de um jogo teve o final grandioso que ele adora produzir”, reflete o jornal “The Guardian”, sublinhando o 81.º minuto da partida referente à fase de grupos da Liga Europa, quando o madeirense aproveitou uma nesga para fuzilar a baliza moldava e confirmar a vitória dos red devils por 3-0. O Manchester United lutará com a Real Sociedad, até à última jornada, pelo primeiro lugar no Grupo. A passagem aos oitavos ficou garantida.

Ainda no mesmo jornal, Ronaldo é apelidado de “eterno”. O diário refere, no entanto, que ainda falhou algumas oportunidades, mostrando, sem complexos, a frustração que lhe ia na alma, tão diferente do sorriso para registo das câmaras de TV, no fim. “A finalização foi uma resposta doce à exclusão do empate com o Chelsea”, diz o “Guardian”, lembrando esse castigo consequente da atitude frente ao Tottenham.

A agência Reuters cita o treinador ten Hag, naturalmente satisfeito com a atuação do veterano: “Ele procurou sempre estar no lugar certo, nunca desistiu, a carreira dele e isto e é por isso que ele é tão bom”.

“No final teve a recompensa. A pressão está sempre lá, o Ronaldo sabe disso, todos os jogadores do United sabem. Todos os marcadores de golos de topo precisam disto, da confirmação que sabem fazê-lo”, disse ainda o neerlandês. "Ver o Ronaldo a conseguir um golo foi fantástico. Ele criou, a equipa criou para ele e sabemos que ele tem capacidades para finalizar. Ele precisava de um golo e agora estou confiante de que vai haver mais”, explicou.

CR7 ficou feliz, os colegas e o treinador também, mas o público não ficou menos. Logo a seguir ao golo, quando o nome de Ronaldo foi gritado pelo animador do estádio, a multidão de Old Trafford reverberou de uma forma audivelmente especial.

O “Daily Mail” enfatiza a série de oportunidades falhadas – e um golo anulado por fora de jogo – antes da entrada válida e efetiva na baliza dos moldavos. “A equipa continuou a colocá-lo na posição certa e ele continuou a pôr-se no sítio certo”, diz o tabloide, lembrando que, apesar de tudo, a estrela do jogo foi outra, que até faz lembrar o jovem Cristiano quando chegou a Manchester: Alejandro Garnacho, o argentino de 18 anos, que se estreou pela equipa principal com distinção.

A BBC conclui: “Foi um final positivo para uma semana difícil para o vencedor de cinco Bolas de Ouro”. E foi-o em números, também: 701. Eis o impressionante registo de golos de um dos maiores da história do futebol.

Em destaque estiveram também Bruno Fernandes e – principalmente – Diogo Dalot, caso sério de popularidade em Old Trafford e a mostrar que há uma luta entre City e United que fala português e ultrapassa os emblemas: João Cancelo não tem o lugar seguro no onze titular da seleção portuguesa. Do lado azul de Manchester talvez se tenham ouvido os festejos após o primeiro golo da partida, marcado precisamente pelo defesa formado no FC Porto.

Destaque ainda para as críticas agressivas a Antony, com a lenda do United, Paul Scholes, a chamar “palhaço” ao tecnicista brasileiro, substituído – com má cara – pelo treinador neerlandês, que admitiu a necessidade de ensinar algumas coisas ao “brinca-na-areia”, dono de uma técnica que acaba por ser, por vezes, inconsequente.