O guarda-redes do River Plate, Franco Armani, estava preparado para tudo, inclusive para defender um penálti que, concretizado, valeria o título argentino ao Racing Avellaneda. Em simultâneo, num raio de três quilómetros, aqueles que serão provavelmente os quatro maiores clubes – sobre dois não restam dúvidas – da Argentina na atualidade viviam ao máximo a luta pela conquista do campeonato. Enquanto o Independiente recebia o Boca Juniors, o Racing abria as portas ao River Plate. E foi neste jogo que o dramatismo apareceu pouco antes do apito final do árbitro.
Se o defesa Jonathan Galván tivesse convertido em golo o pontapé da marca de grande penalidade que assumiu aos 90 minutos de jogo, o Racing - treinado por Fernando Gago -, provavelmente, teria tido uma noite longa e estaria ainda agora a festejar um título muito desejado. Mas o destino pregou-lhe uma partida, colocando nas mãos de Armani a arte de desviar a bola do alvo e Galván já não é herói.
A uma corrida dali, o Boca Juniors celebrava e o estádio e La Bombonera quase vinha abaixo. A discussão agora é: “Deveria ter sido o defesa Galván a marcar o penálti?”
Escreve o jornal argentino “La Nación” que o final foi completamente inesperado. O último quarto de hora foi impróprio para cardíacos. Quando, ao minuto 45 da segunda parte, Galván agarrou na bola, assumindo a enorme responsabilidade, Armani estava de olhos bem abertos e adivinhou as intenções do defesa do Racing. Na história recente do clube, há muitos episódios de penáltis decisivos falhados. Num museu criado para o efeito, existiria agora lugar para um novo “troféu”.
Perante o choque do falhanço, o Racing sofreu ainda outro golo, através de Borja, que confirmou a derrota da equipa, mais do que a vitória do River Plate. Ironicamente, o resultado da equipa de Marcelo Gallardo (está de saída do clube) deu mais um título ao eterno rival Boca.
Talvez por isso, ou pelo choque, não houve assobios nem aplausos das bancadas. Como diz “La Nación”, o “Racing chegou até à porta da glória com argumentos. Faltou-lhe convicção para abri-la”.