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Florentino insiste com a Superliga: “Com as regras do futebol, só teríamos visto Nadal contra Federer três vezes”

Na assembleia geral de sócios do Real Madrid, o presidente do clube espanhol acusou a UEFA de “aumentar a quantidade de jogos entre equipas intranscendentes”, o que “acelera a decadência do futebol europeu”. Estabelecendo comparações com o ténis ou a NFL, Florentino voltou a dizer que “o futebol está doente” e que “os jovens cada menos têm menos interesse” pelo jogo. Presidente da La Liga já respondeu, qualificando os argumentos de Pérez como sendo de “balcão de bar”

Pedro Barata

Florentino Pérez discursa na assembleia geral de sócios do Real Madrid

Europa Press Sports/Getty

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Em abril de 2021, a Superliga europeia de futebol teve uma vida formal curta. Foi anunciada, sem muita pompa e discutível circunstância — na véspera de uma reunião do Comité Executivo da UEFA, justamente para referendar a já acordada reforma da Liga dos Campeões —, a 18 de abril e três dias depois já nove dos 12 clubes fundadores tinham anunciado a saída do projeto. Só Juventus, Barcelona e Real Madrid mantiveram-se.

No entanto, a ideia nunca saiu da cabeça nem do discurso de muitos dos seus defensores. Um dos principais é Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, o homem que foi à televisão noturna espanhola defender o projeto quando este estava a ser fortemente criticado. Na assembleia geral de sócios do clube espanhol, Florentino voltou a explicar os seus argumentos.

Segundo o dirigente, “para resolver um problema é preciso, primeiro, reconhecer” que existe um. E qual o problema? “O futebol está doente, está a perder a liderança. Os jovens cada vez têm menos interesse, exigem um produto de qualidade que não é oferecido pelas atuais competições europeias”, considera Florentino Pérez.

Um dos principais culpados, entende o espanhol, é a UEFA. Florentino acusa a entidade máxima do futebol europeu de “aumentar a quantidade de jogos entre equipas intrascendentes” nas competições que organiza, o que “acelera a decadência” do jogo no continente. No entender de Pérez, esses torneios “devem mudar para oferecer os melhores encontros”, conseguindo “devolver o futebol ao seu lugar”.

Fazendo uma comparação com o ténis, Florentino diz que “Nadal e Federer jogaram 40 vezes durante estes anos”, mas “o Real Madrid só defrontou o Liverpool nove vezes em 67 anos". “Que sentido tem privar os adeptos destes encontros? Com as regras do futebol, só teríamos visto Nadal contra Federer três vezes”. O dirigente entende que o novo modelo da Liga dos Campeões, em vigor a partir de 2024, só “servirá para afastar mais os adeptos e acelerar a decadência do futebol”.

Passando das comparações com o ténis para paralelismos com a NFL, Florentino disse que, no futebol americano, as receitas audiovisuais “superaram as da Liga dos Campeões”, o que significa que “o futebol está a perder a batalha”. “Segundo a Forbes, o Real Madrid é o 13.º clube mais rico do mundo e antes éramos o quinto”, lembrou.

As palavras de Florentino foram aplaudidas de pé pelos sócios do clube a que preside, mas nem todos concordaram com as suas palavras. Javier Tebas, presidente da La Liga, é um dos mais conhecidos e vocais opositores da Superliga e voltou a recorrer às redes sociais para mostrar a sua oposição.

A conta de Twitter de Tebas tem várias publicações recentes contra as ideias de Florentino. Em resposta ao discurso de Pérez na assembleia do Real Madrid, o máximo responsável da liga espanhola escreveu que Florentino “confunde peras com maçãs” por comparar o futebol a “outras culturas e modalidades”. “A análise de mercado e de dados dele é de balcão de bar”, acusou Javier Tebas.

"A história reconhecerá FP [Florentino Pérez"] como um dos melhores gestores de clube, mas ser um grande gestor de clube não implica ser um grande gestor de competições. A partir do desconhecimento, FP lança argumentos que podem ‘matar’ os outros clubes", sentenciou, noutro Tweet, Tebas.