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Um em cada três futebolistas tentaram, alguma vez, magoar propositadamente um adversário. E 66% preferem Ronaldo a Messi

O estudo do site “The Athletic” foca também a importância das redes sociais nos dias de hoje, as entradas violentas e deliberadas sobre os adversários e a preocupação com as consequências dos cabeceamentos constantes

Expresso

JOSÉ COELHO/LUSA

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Mais de 100 antigos jogadores participaram num inquérito do “The Athletic”, o que fez desta iniciativa uma das maiores do género, com as respostas a destacarem os problemas dos desportistas com as redes sociais e o crescente ódio online.

A amostra inclui antigos campeões da Premier League, bem como jogadores internacionais. O inquérito foi conduzido de forma anónima. Mais de metade dos inquiridos considera que é mais difícil ser futebolista hoje, apesar de toda a parte financeira, com 62% a apontarem as culpas ao Twitter e ao Instagram, entre outros.

De acordo com os resultados, um em cada três ex-futebolistas entrava com agressividade propositada nos seus tempos de atividade. Um terço dos antigos jogadores admite que não gosta de olhar para trás e ver quem o tipo de jogador que era em campo.

Uma das perguntas colocadas no inquérito incidiu nos dois homens que dominaram as atenções no futebol das últimas décadas: Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. Foi perguntado qual dos craques teve uma carreira melhor (até agora) e dois terços (66%) das respostas favoreceram o capitão de Portugal. No entanto, apenas 28 dos inquiridos escolheriam o madeirense como companheiro de equipa, enquanto 72 prefeririam Messi.

Em relação a possíveis arrependimentos, as respostas incluíram terem jogado lesionados, não terem procurado ajuda para problemas de saúde mental, não terem sido mais astutos em termos financeiros e a ausência de um agente ou de alguém que os aconselhasse melhor.

Apesar de quase metade dos ex-futebolistas que aceitaram participar no inquérito ter entre 35 e 44 anos, uma das mais preocupantes estatísticas é a de que 36% do total desenvolveram osteoartrite desde que terminaram as carreiras. Um dos temas mais falados nos últimos tempos concerne as possíveis consequências a longo prazo dos cabeceamentos. O “The Athletic” quis saber se os ex-atletas consideram que o perigo de traumatismos cranianos é levado suficientemente a sério.

Os números impressionam: 88,1% responderam “sim” à pergunta se jogaram logo após terem levado uma pancada forte na cabeça. Estes deram a entender que isso não aconteceu apenas uma vez - quase metade dos inquiridos disse que aconteceu “algumas vezes” por época. Um em cada cinco admitiu que tinha acontecido “em múltiplas ocasiões por temporada”. Mais de 50% assumiu que a questão os preocupa, ainda hoje.

Muitos dos inquiridos mostram-se conscientes de que variados ex-profissionais que eram considerados eficientes no ar, principalmente defesas centrais e pontas de lança, acabaram por sofrer de demência e, em casos extremos, morreram em consequência dos efeitos degenerativos a longo prazo do que aconteceu ao longo das suas carreiras. Apenas 2% dos participantes diz que já na altura se preocupava com o assunto, com a esmagadora maioria a assumir que, então, não se falava da questão. No entanto, agora que têm consciência das consequências, estão preocupados.

Quanto às redes sociais, estas são apontadas como a principal razão (61%) pelos inquiridos que consideram que a vida atual de um futebolista “é mais difícil hoje em dia” - bastante por diante do “escrutínio dos media”, que registou 12% das respostas.

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