Remko Pasveer, guarda-redes de 38 anos, bem pode ser considerado exemplo de que nunca é tarde para cumprir um sonho. A dois anos dos 40, o neerlandês tornou-se o segundo mais velho jogador da história a atuar pelo seu país - e foi uma estreia para o guardião do Ajax.
Depois de ter passado por Twente, Heracles Almelo, Go Ahead Eagles, PSV e Vitesse, Pasveer chegou, em 2021, a Amesterdão, como terceira opção para a baliza do Ajax. A sanção de André Onana (por doping) e as lesões de Maarten Stekelenburg deram o empurrão que faltava e fizeram dele o titular de uma das mais carismáticas equipas da Europa.
Foi o atual técnico do Manchester United quem lhe ofereceu o estatuto. Então, Erik ten Hag disse: “Está a demonstrar que é o melhor guarda-redes da Eredivisie”. Depois da sorte, houve ameaça de tempestade quando, na parte final da época passada, uma fratura num dedo pôs em causa a tardia ascensão na carreira. No entanto, Pasveer regressou em grande e foi, pela primeira vez, convocado para a seleção dos Países Baixos: “Trabalhei duro durante anos e agora sinto que todas as peças do puzzle estão a encaixar”.
A estreia aconteceu na vitória frente à Polónia (2-0), na quinta-feira passada. No final do jogo, o guarda-redes confessou: “É uma das noites mais bonitas da minha vida. Não poderia ter sonhado com isto até há uns anos”. Van Gaal afirmou: “Não é habitual eu convocar um guarda-redes de 38 anos… Mas tenho muita curiosidade de vê-lo em ação. Mostou com o Ajax aquilo de que é capaz e merecia [ser convocado]”.
Pasveer manteve a titularidade no segundo jogo da ronda, este domingo, em que a laranja venceu os grandes rivais da Bélgica por 1-0, o que significa que o guardião do Ajax não sofreu qualquer golo nos dois primeiros jogos ao serviço do país. As atuações terão convencido o exigente selecionador, que chegou mesmo a dizer: “Penso que irá ao Catar”. O jogador é mais previdente: “Ainda faltam muitos jogos e qualquer coisa pode acontecer. É demasiado cedo”.
Quem não esconde a aposta em Pasveer é o antigo internacional neerlandês, Van der Vaart. “Não se assusta, irradia tranquilidade e isso nota-se nos defesas. Além disso, é bom com os pés e já o demonstrou num jogo importante. Por que não há de ser titular no Mundial?”, questiona o antigo jogador do Real Madrid.
Outra parte da explicação pela aposta no quase quarentão no que Louis van Gaal tem promovido, recentemente. O selecionador tem insistido em novos métodos de treino com os guarda-redes da sua seleção e as experiências de Van Gaal, que enfatizaram a marcação de grandes penalidades e um estudo científico à volta dessa arte, foram notícia em grande parte pela recusa de Tim Krul em participar nelas e no facto de isso já lhe ter valido a perda de um lugar nos convocados para o Catar. A sorte de uns é o azar de outros.