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E ao dia 100 dos novos proprietários do Chelsea, uma decisão: o despedimento de Thomas Tuchel após o centésimo jogo do alemão

A derrota com o Dinamo Zagreb na Champions terá sido a gota de água para Todd Boehly, o novo dono do Chelsea, que despediu o treinador alemão horas depois do 100.º jogo deste pelos londrinos. Depois de um mercado em que foram a equipa da Europa que mais gastou (280 milhões de euros), o pobre início de temporada, já com três derrotas na Premier League, foi fatal para Tuchel, que levou o Chelsea ao título da Liga dos Campeões em 2021

Lídia Paralta Gomes

Pixsell/MB Media/Getty

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Novas administrações tendem a significar novas ideias e no futebol as novas ideias raramente chegam de mãos dadas com a paciência. E a paciência de Todd Boehly, o norte-americano que tomou conta do Chelsea depois da saída de Roman Abramovich na sequência das sanções britânicas a cidadãos russos, durou, exatamente, 100 dias.

Ao centésimo dia, Boehly acordou e escolheu a violência: a humilhante derrota dos londrinos com o Dinamo Zagreb na estreia da Liga dos Campeões, na terça-feira, terá sido a gota de água de uma época que já nasceu torta e Thomas Tuchel foi o cordeiro sacrificado. Pouco mais de um ano e meio após chegar a Stamford Bridge, o alemão que deu ao Chelsea o título europeu em 2021 foi despedido através de um comunicado lançado no site do clube.

“Em nome de todos no Chelsea, o clube gostava de reafirmar a gratidão que sente pelo Thomas e o seu staff por todos os seus esforços durante o tempo que passou na equipa. O Thomas ganhou o direito a ter um lugar na história do Chelsea depois de vencer a Liga dos Campeões, a Supertaça Europeia e a Campeonato do Mundo de Clubes durante o seu período aqui”, pode ler-se na nota.

A nova administração do Chelsea sublinha precisamente o facto de estar a entrar no centésimo dia ao volante dos blues, afirmando que os donos “acreditam que esta é a altura certa para fazer a transição”, com um treinador mais ao seu agrado, certamente. Os próximos jogos do Chelsea (o próximo é com o Fulham de Marco Silva, no sábado) serão preparados por treinadores da estrutura dos ingleses, até ser “rapidamente encontrado um novo treinador principal”.

O número 100 tem aqui, curiosa ou tragicamente, outro significado: é que o encontro europeu de terça-feira foi, nem mais nem menos, que o jogo 100 de Thomas Tuchel no banco do Chelsea. Antes do encontro com o Dinamo Zagreb, que os londrinos perderam por 1-0, o germânico falou precisamente desse marco, dizendo que era um número “muito simpático” e deixando desejos para que houvesse “outros 100 jogos” à sua frente para festejar.

“Estou muito orgulhoso e feliz por ter 100 jogos no Chelsea”, frisou, em declarações aos canais oficiais do clube. Horas depois, com o peso da derrota europeia em cima, Tuchel não encontrava explicações para o desempenho da equipa. “Os jogadores estão com baixo rendimento individual e eu não sei de onde vem este desempenho. Falta de determinação, falta de fome e falta de intensidade”, disse, aceitando que era o seu papel “encontrar a solução e descobrir a razão” para um início de época muito pobre, também dentro de portas.

Em seis jogos na Premier League, o Chelsea já leva três derrotas, depois de um mercado muito atribulado: foram a equipa da Europa que mais gastou (praticamente 280 milhões de euros), mas vários dos alvos do clube foram para outras paragens. Jules Kounde, Robert Lewandowski e Richarlison teriam os desejos de Tuchel, mas os dois primeiros seguiram para Barcelona e o brasileiro para o Tottenham.

Thomas Tuchel não chegou assim a ter oportunidade para perceber as razões do desempenho abaixo do esperado da sua equipa e o Chelsea será mesmo o primeiro dos gigantes europeus a ter de procurar novo treinador. E ainda estamos em início de setembro.