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Futebol internacional

Este Manchester United tem veneno: red devils batem Arsenal, com estreia de Antony a marcar e sorrisos de Ronaldo no banco

Em Old Trafford, a equipa da casa foi eficaz, vergando o líder da Premier League, invicto até agora, a uma derrota por 3-1. Rashford fez dois golos, assistiu para outro e Bruno Fernandes foi o homem da batuta na hora de fazer o melhor uso possível dos espaços deixados pelo Arsenal. Cristiano Ronaldo voltou a ficar fora do onze, mas no banco vibrou com o primeiro golo de Antony pelo United, logo no primeiro jogo

Lídia Paralta Gomes

Robbie Jay Barratt - AMA

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Não será “irreconhecível”, mas há uma diferença entre o Manchester United de hoje, 4 de setembro, daquele que há duas semanas levou um humilhante corretivo do modesto Brentford, que ao intervalo já ganhava aos red devils por 4-0. O trabalho de Erik ten Hag começa, finalmente, a notar-se: neste momento, já estamos na presença de uma equipa, com os seus pontos fortes e fracos, e não de um conjunto de 11 indivíduos perdidos em campo. E para tal terá ajudado que o neerlandês tenha mudado alguns pontos e sido teimoso em outros.

Frente ao líder Arsenal, que vinha de cinco vitórias em tantos outros jogos, Erik ten Hag voltou a deixar Cristiano Ronaldo no banco, lançando Antony, brasileiro confirmado no último dia de mercado, na quinta-feira, pelo qual a equipa pagou qualquer coisa como 100 milhões de euros. A braçadeira de capitão, no bíceps de Bruno Fernandes - Harry Maguire no banco, tal como Ronaldo, é um dos efeitos colaterais do início de época desastrado dos red devils. E por este andar demorará até o status quo voltar a mudar: num encontro em que foi eficaz e mostrou robustez mental, não se deixando baquear após sofrer o empate, o Manchester United garantiu a quarta vitória consecutiva, ao vencer por 3-1, a segunda vitória frente a um candidato ao título, depois do triunfo sobre o Liverpool.

O Arsenal, equipa de matiz mais apaixonada pelo futebol apoiado, foi a equipa que assumiu cedo e até marcou aos 12’, num lance, curiosamente, de contra-ataque, com Gabriel Martinelli a bater David de Gea. O golo seria, no entanto, anulado por falta anterior de Odegaard. E seria com os londrinos por cima que o Manchester United abriria o marcador, com uma estreia de sonho para Antony. O brasileiro até estava discreto, mas foi frio na hora de concluir uma jogada de envolvência do Manchester United, em que já se notou o dedo de Ten Hag. A abertura para a direita foi de Rashford e o ex-Ajax rematou cruzado para o 1-0. A realização, de câmeras viradas para o banco do United, apanhou então um Cristiano Ronaldo feliz, de sorriso sincero nos lábios e a aplaudir o esforço dos colegas. Talvez o português comece a ver nesta equipa o potencial ao qual terá franzido o sobrolho na pré-época.

A 2.ª parte traria de novo um Arsenal com mais bola, dono do jogo, a tentar o empate por todos os meios, ainda que sem oportunidades flagrantes. Em dificuldades para levar o jogo para o meio-campo contrário, Ten Hag chamou Cristiano Ronaldo aos 58’ e dois minutos depois chegou o empate, por Bukayo Saka, depois de um erro na saída de bola de Varane, que deixou a defesa descompensada. Diogo Dalot (em bom plano este domingo) ainda tentou o corte após passe açucarado de Odegaard para Gabriel Jesus, mas faria uma assistência involuntária para o internacional inglês, que marcava um golo que o Arsenal fazia por merecer.

Mas quando se esperavam complicações para o United suster o ataque dos visitantes, chegou o veneno. A jogar com espaços, esta equipa do Manchester United tem instinto matador, com a visão de Christian Eriksen e Bruno Fernandes a provocarem o caos na organização contrária. É do português o passe com o peito do pé que desmarca Rashford aos 66’, com o inglês a fazer o 2-1. E é também do talento do internacional português que nasce o 3-1, encontrando Erikson à vontade a cavalgar para a área, com o dinamarquês a oferecer o golo de novo a Rashford. Em ataques rápidos, o United parece mais do que à-vontade. Faltará ser um coletivo mais perigoso quando tem de assumir o jogo.

O 3-1 seria golpe duro para o Arsenal, com Mikel Arteta a fazer estrear Fábio Vieira. O português contratado esta época ao FC Porto esteve ativo, com o repentismo e o espírito de arriscar que levou de Portugal, mas não conseguiu mudar a história do jogo. E essa história diz-nos que o Manchester United já é 5.º após o descalabro inicial, com 12 pontos, e que o Arsenal mantém-se na liderança depois do empate do Manchester City, com 15 pontos.