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João Palhinha e a Premier League: “O estilo de jogo foi um dos fatores para vir. Em Portugal, sentia que não podia fazer um carrinho"

O português falou, em entrevista aos ingleses do “Daily Mail”, sobre o que mais o está a fascinar numa das melhores ligas do mundo, onde tem estado em destaque ao serviço do Fulham, de Marco Silva, e sente que “é como jogar pelo Sporting contra o Benfica todas as semanas”. O internacional português marcou recentemente o primeiro golo em Inglaterra, frente ao Brentford

Expresso

Bradley Collyer - PA Images

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Aos 27 anos, João Palhinha deixou o Sporting e mudou-se para aquela que é, muito provavelmente, a melhor liga do mundo. No Fulham, um dos muitos clubes de Londres, reencontrou Marco Silva, o treinador que terá reparado nele quando orientava o clube de Alvalade. Em Inglaterra, “Little Straw” – piada do entrevistador – era algo desconhecido e, talvez por isso, esteja em destaque pela positiva após as primeiras jornadas da Premier League.

Para já, o médio marcou o seu primeiro golo em Inglaterra, de cabeça, na vitória recente do Fulham, em casa, perante o Brentford, por 3-1. Palhinha vai ser pai em novembro e espera chegar, nesse mês, ao Catar, para jogar o Campeonato do Mundo com a seleção portuguesa.

“O Mundial, um clube novo, o nascimento do meu filho. Tudo a acontecer ao mesmo tempo. Mas é excitante. Trabalhei arduamente para isto durante vários anos”, conta João Palhinha, que em nenhuma parte da entrevista esconde o entusiasmo com a participação na Premier League. “Pode-se mesmo entrar de carrinho em Inglaterra. Adoro!”, diz, a sorrir, na entrevista ao “Daily Mail”.

“O estilo de jogo foi um dos mais importantes fatores para a minha decisão de vir para cá”, confessa, acrescentando: “É uma das grandes características [da Liga Inglesa]. Em Portugal, eu sentia que não podia fazer um corte de carrinho. Por vezes, era difícil. Cada toque era um cartão amarelo. Aqui é completamente diferente”.

Ainda em adolescente e jogador da equipa B do Sporting, Palhinha começou a ser observado por Marco Silva. Acabou por ser emprestado ao Braga por dois anos, em 2018. Na altura, Jorge Jesus orientava os leões, e ter-lhe-á dito, após um jogo frente ao FC Porto, que ele teria de mudar de atitude. João Palhinha reconhece que a sua carreira esteve em risco. Mas o treinador do Braga era Rúben Amorim, que o levou de volta para Alvalade.

“Eu sabia que precisava de jogar e melhorar e mostrar o meu valor às pessoas. O Sporting não acreditava em mim, mas eu mostrei que eles estavam errados. O Braga foi uma boa escolha, mas também tive sorte”, admite o internacional português ao mesmo jornal, antes de falar sobre o dia-a-dia em Londres.

“Em Lisboa, a vida é diferente para mim. Se eu almoçar com a minha mulher, todos me conhecem. Aqui é diferente. Depois do último jogo, frente ao Brighton, deixei o estádio a pé, com o meu pai e o meu irmão, apanhámos um Uber. Eu gosto disso. Ninguém me chateou”, confessa.

“Em campo é diferente. Aqui, todas as equipas são boas. Não apenas o Arsenal ou o Liverpool, contra os quais já jogámos. (…) A atmosfera é fantástica. É como jogar pelo Sporting contra o Benfica todas as semanas. É muito especial para mim. A primeira coisa que o meu pai me disse foi que isto era outro nível, outro mundo. As pessoas cantam o meu nome, isso é tão importante para nós. Quando faço um corte, há um bruaá. Quando oiço isso, fico com mais energia”, admitiu João Palhinha.

Sobre o coletivo do Fulham, o português diz: “Queremos jogar futebol que impressione e ter uma boa época. Penso que o clube está a construir uma equipa muito boa, com um bom espírito e isso é o mais importante que temos. No futebol, podes ser muito bom tática e tecnicamente, mas, se não tiveres a atitude, a paixão e o espírito, é difícil fazeres coisas positivas”.