Pouco tempo depois de contratar Sébastien Haller ao Ajax, o Borussia Dortmund fez aquele que provavelmente seria o último comunicado que queria fazer. O clube explicou que Haller iria estar ausente durante vários meses, uma vez que teria que se submeter a quimioterapia por causa de um tumor nos testículos.
“Sinto-me bem”, disse Haller numa entrevista à ESPN neerlandesa cerca de um mês depois do diagnóstico e início dos tratamentos: “É uma situação nova para todos. Especialmente para mim e para a minha família. Tenho sorte de ter muitas pessoas à minha volta e muito apoio. Também tenho sorte por não me sentir mal. Ainda consigo andar todos os dias e passar tempo com a minha família e amigos, por isso está tudo bem”.
Naturalmente, não foi fácil receber a notícia. Nunca há um timing perfeito para algo assim, mas Haller tinha acabado de assinar um novo contrato profissional. “A primeira coisa em que pensei foi: ‘Estou aqui há 10 dias, duas semanas, e nem sequer posso jogar pelo clube'. E pensei no clube, não pareceu um bom negócio. Mas depois, quando pensamos nisto, sabemos que é algo que é impossível evitar”, disse.
O que o levou a fazer exames, revelou na entrevista, foi um desconforto que sentiu na barriga. Fez uma ressonância magnética na manhã do dia seguinte e os médicos ficaram logo desconfiados. A partir daí foi tudo muito rápido.
“Disseram-me: 'Estamos a ver algo e temos de olhar novamente’. Em menos de 24 horas fiz muitos exames. Tive que esperar pela cirurgia para ter a certeza do que se tratava. Eles souberam logo que era isto [um tumor]. Tive muita sorte por ter a oportunidade de fazer todos aqueles exames rapidamente”, afirmou.
A fase que se seguiu foi bastante dura. Primeiro porque teve que dar a notícia à família: “O nome desta doença é difícil de ouvir. A minha mulher ficou em choque, mas conseguiu lidar com isso. Mas com a minha mãe não foi igual. Porque mãe é mãe. Liguei aos meus irmãos para garantir que eles estariam lá para ela, para me certificar que ela ficaria bem. Foi isso que eu fiz”, disse Haller.
Depois teve de aguentar o tratamento e o impacto que sentiu no corpo de forma imediata. Inicialmente foram cinco dias no hospital a receber terapia intravenosa 24 horas por dia. Haller não se podia sequer mexer, por isso permaneceu o tempo todo na cama. “É nesta altura que perdemos músculos e a nossa forma física”, contou.
O lado mais positivo é que após esses dias começou a sentir-se muito melhor e conseguiu regressar ao ginásio assim que chegou a casa. “O meu primeiro objetivo é regressar aos relvados, jogar em frente ao muro amarelo [adeptos do Dortmund] e marcar o meu primeiro golo. Acho que será um momento bom e emocionante, porque eu recebi muito apoio de todos eles”, concluiu.