Mario Götze, médio ofensivo alemão que andou nas elites do futebol, com o ponto alto a ter sido o golo marcado na final do Mundial de 2014 que deu o título à Alemanha foi, entretanto, pretendido pelo Benfica. Mas o criativo acabou por preferir regressar a casa, ao seu país, embora não ao clube no qual despontou, o Borussia Dortmund. Götze está a jogar no Eintracht Frankfurt.
Há dez anos, Götze dava os primeiros passos na elite do futebol alemão. O treinador era um tal Jürgen Klopp, que aperfeiçoava um diamante que se tinha estreado na Bundesliga em 2009, aos 17 anos. Na equipa orientada pelo atual treinador do Liverpool, o jogador chegou à final da Liga dos Campeões, perdida para o rival – imbatível – Bayern, em Wembley, em 2012.
Durante a última década, escreve a “Marca”, a vida de Götze tem sido uma montanha-russa. Em 2014, o alemão teve o ponto mais alto da carreira no dia em que, dizem, Joaquim Löw, o selecionador da Alemanha, olhando para a adversária Argentina, lhe sussurrou: “Mostra ao mundo que és melhor do que Messi”. Depois disso, o germânico entrou numa fase descendente que o colocou numa quase irrelevância.
Ao deixar Dortmund para assinar pelo Bayern, o menino querido do Borussia - onde jogava desde os 9 anos - teve uma despedida amarga, mais ainda por ter sido conhecida como foi: semanas antes da final de Wembley. Em Londres, Götze não foi aplaudido nem confortado pelos adeptos do clube das camisolas amarelas. Pelo contrário, das bancadas, na dureza da língua alemã, gritava-se “fora!” e sabia-se a quem se dirigiam.
Em 2016, depois de uma primeira travessia pelo deserto, o bom filho regressou a casa. Mas o seu valor no plantel do Borussia já não era o mesmo. As lesões musculares acompanhavam-no para todo o lado. Um problema metabólico tornou-se um pesadelo que o obrigou a tratar-se. No verão de 2017, Mario escrevia nas redes sociais que estava prestes a regressar aos treinos. Mentalmente, era um atleta mais frágil e, em 2020, foi para os Países Baixos para representar o PSV.
Longe da pressão de Dortmund, o alemão começou a funcionar de outra maneira. Com o passar do tempo, talvez se tenha arrependido de ter saído do Borussia tão cedo. Mas isso terá ficado enterrado muito graças à descoberta do ioga, o escape de que precisava. Pratica-o pelo menos uma vez por semana, em sessões de três horas e meia. Também o taekwondo o ajudou a manter a forma e a tornar-se novamente importante para a equipa onde joga.
Mario Götze terá sido marcado por uma reflexão de Rafael Nadal: “Trabalhas mentalmente quando sais da pista todos os dias. Não te queixas quando jogas mal, quando tens problemas, quando aparecem as dores. Nessa altura, sorris e tens uma atitude positiva. Sais para a pista todos os dias com a paixão de treinar, dia-a-dia. Esse é o verdadeiro trabalho mental”. E desta forma, com a ajuda involuntária de um superatleta, o médio ofensivo de 30 anos voltou à ribalta.