Mikel Arteta, treinador e ex-jogador do Arsenal, conversou com os seus jogadores, abrindo-se numa palestra sobre o facto de ter tido a vida salva por uma cirurgia ao coração, quando tinha apenas dois anos de idade. A conversa foi gravada e faz parte do novo documentário sobre o clube londrino.
O técnico basco esteve num programa da manhã da BBC antes do lançamento da série “All or Nothing”, esta quinta-feira, na plataforma Amazon Prime. “Nunca me abri com ninguém desta forma”, admitiu Arteta, prosseguindo: “Penso que 90% dos rapazes ou da equipa técnica não sabiam disto. Mas foi como me senti naquele momento, nada foi planeado”.
O antigo capitão do Arsenal fez 150 jogos com a camisola dos gunners, entre 2011 e 2016. Antes, esteve no Everton, no Rangers e na Real Sociedad. No entanto, tornar-se futebolista profissional nem sempre esteve nos planos do espanhol, a quem foi dito pelos médicos, ainda em criança, que não conseguiria fazer muito exercício devido ao problema cardíaco.
“Nasci com um problema de coração grave que não foi resolvido até aos meus dois anos, por eu ser tão pequenino. Tiveram de abrir o meu coração e atravessá-lo. Foi uma das primeiras cirurgias daquele género em Espanha, por isso não sabíamos como iria acabar”, confessou Arteta. Sobre a infância, o técnico lembra: “Eu era um miúdo muito ativo, o médico disse aos meus pais que eu tinha de acalmar, que eu não iria ser capaz de fazer grandes esforços”.
A conversa com a equipa aconteceu depois de o Arsenal ter perdido os primeiros jogos da época passada, incluindo uma goleada por 5-0 do Manchester City, treinado pelo amigo Pep Guardiola. Antes do jogo seguinte, frente ao Norwich, recém-promovido, Arteta usou o seu problema pessoal para inspirar os jogadores. “Eles estão dispostos a trabalhar 24 horas, sete dias por semana. Fazem-no apenas por uma razão, porque adoram o que fazem”, ouve-se no trailer da série.
Felizmente, Mikel Arteta conseguiu prosseguir a carreira e acredita, 38 anos depois, que o processo o encorajou a perseguir os seus sonhos. “Tudo se desenrolou de forma natural e consegui ser jogador profissional”, disse o agora treinador, admitindo que a experiência o moldou enquanto ser humano: “Sim, de certa forma. Quando eu era mais novo, disseram-me que eu não podia fazer isto ou aquilo, não podia expor-me muito. Eu estava sempre a levar-me ao limite. O apoio dos meus pais foi fantástico e eles tiveram a coragem de procurar o melhor especialista, que teve a coragem de ultrapassar obstáculos porque viu que isso era importante para mim”.