Dani Alves quer falar: “A gestão do Barcelona foi-se, entre aspas, prostituindo. Os jogadores são mercadoria e Messi está só”
O antigo defesa direito do Barça, agora no São Paulo com o número 10 nas costas e 37 anos nas pernas, deu uma entrevista confessional à rádio RAC1, da Catalunha, em que desmonta o clube blaugrana peça por peça. Revela mensagens enviadas a Messi, um rancor de Guardiola e fala de filosofia futebolística
06.11.2020 às 9h29

Dani Alves agarrado a Messi nos bons velhos tempos do Barcelona: “É claro que tenho saudades dele, tínhamos uma ligação brutal. Vejo-o muito só”
Vladimir Rys Photography
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O Barcelona de hoje
"Antes, o Barcelona tinha uma identidade, agora é um clube de compra e venda. Assim terás muitos futebolistas valiosos, mas que não vão defender a filosofia [do clube]. Para mim, o Barça perdeu a sua identidade e tem de passar por um processo duro para a conseguir recuperar. Bartomeu foi, entre aspas, prostituindo a sua gestão. Talvez tenha sido mal aconselhado. Para mim, é claro que o Barcelona não tem qualquer filosofia. As saídas do Suárez e do Rakitic são uma consequência de tudo o que se passou: agora o Barcelona é uma equipa comercial e os jogadores são mercadoria".
O trabalho de Koeman
"Gosto, pontualmente, do que se passa. O Barcelona tem individualidades, mas tem de recuperar a sua essência."
A saída do Barça
"Por mim, teria ficado toda a vida em Barcelona. Mas houve falta de respeito e quiseram despachar-me pela porta dos fundos. Se me tivessem tratado como deviam, tinha continuado. Recusei muito dinheiro do Real Madrid, que, goste-se ou não, é um grande clube para ir para Camp Nou. Não queria que me despachassem, queria ir-me embora quando estivesse na altura de me ir. Estavam a empurrar-me para fora do clube, ninguém falou comigo quando o contrato começou a terminar e então saí para a Juventus para mostrar ao Barcelona que ainda tinha nível. Tive tomates para dizer que o Camp Nou era a minha casa e que queria regressar; eles não os tiveram para dizer que se tinham enganado".
Podia ter ido para o City
"Eu tinha tudo feito com o Pep Guardiola para ir para o City, mas depois fui para Paris [PSG], por causa da família. A verdade é que o Neymar também me chamou. Depois do PSG, o Pep não quis assinar comigo, foi um bocadinho rancoroso".
Saudades de Messi
"É impossível não ter saudades: tinha uma ligação brutal com ele. Agora, parece que está só, solitário. Quando ele enviou aquele burofax [para deixar o Barcelona], mandei-lhe uma mensagem para que não saísse do Barcelona. Quando o clube me disse que me queria fora do clube, disse ao Messi que ia sair e ele pediu-me para não sair. Disse-me: 'Há algum lugar melhor do que este?. Eu disse-lhe o mesmo agora. Ele não me respondeu, mas sei que a mensagem foi entregue."
Os 37 anos
"A idade é um número, quando um tipo gosta do que faz, é profissional e quer contribuir com resultados.... Quando sentir que já não gosto e que o futebol não é para mim, abandono. Mas ganhar é uma droga boa."
Xavi
"Xavi vai ser o treinador do Barcelona, mas não podes desperdiçar uma bola. É uma pessoa muito metódica e é preciso que o clube esteja organizado quando tens um tipo como o Xavi a treinar".