O Mundial feminino começa a 20 de julho, na Austrália e Nova Zelândia, mas, a pouco mais de quatro meses da competição, a seleção francesa não tem selecionadora. Corinne Diacre, técnica das gaulesas desde 2017, foi afastada do cargo, na sequência da vaga de queixas ao seu trabalho feitas por diversas das principais jogadoras do país.
Em fevereiro, Wendie Renard, até então capitã de França, comunicou a renúncia à seleção, seguindo-se à oito vezes campeã da Champions e figura do Lyon as saídas de Marie-Antoinette Katoto e Kadidiatou Diani, ambas do PSG. De acordo com a “RMC Sport”, a central não voltaria a atuar pela seleção enquanto Corinne Diacre fosse a treinadora. A técnica tirou a Renard a braçadeira de capitã depois do Euro 2017, devolvendo-a em 2021. Diacre foi, no passado, criticada por outras jogadoras, como Gaëtane Thiney e Sarah Bouhaddi.
Kadidiatou Diani explicou que, devido aos “recentes resultados e gestão da equipa”, iria “suspender as obrigações internacionais”, ainda que garantindo que, “caso as mudanças necessárias fossem feitas”, regressaria. Outras jogadoras, como Griedge Mbock ou Eugénie Le Sommer, que também deixou de contar para a seleção entre notícias que davam conta de uma deteriorada relação com Diacre, apoiaram as críticas das colegas de profissão.
A treinadora, de 48 anos, sai dias depois de, à “AFP”, ter reiterado a intenção de orientar a equipa francesa no Mundial. Diacre considerou haver uma “campanha de destabilização” feita contra si, nomeadamente através de um “ lamentável linchamento na imprensa”.
A decisão de prescindir dos serviços da selecionadora foi tomada após ter sido elaborado um relatório por parte de uma comissão nomeada pelo presidente interino da federação francesa, Philippe Diallo. Recorde-se que, em fevereiro, Noël Le Graët, presidente da entidade, demitiu-se após ter sido acusado de assédio sexual e psicológico por parte de uma empresária de futebolistas.
A referida comissão, composta por Jean-Michel Aulas e Marc Keller, respetivamente presidentes do Lyon e do Estrasburgo, e Laura Georges e Aline Riera, ex-internacionais francesas, levou a cabo várias audições, as quais “permitiram constatar uma clivagem significativa” na seleção, “evidenciando discrepâncias com as exigências do altíssimo nível”, lê-se no comunicado da federação. “As disfunções observadas parecem irreversíveis”, pelo que foi tomada a decisão de despedir Diacre.
O mesmo grupo de trabalho irá, agora, entrevistar candidatos ao cargo e recomendar um nome para a sucessão. Segundo a imprensa francesa, Hervé Renard, vencedor da CAN com a Zâmbia e a Costa do Marfim e selecionador da Arábia Saudita no Mundial masculino do Catar, e Gérard Prêcheur, técnico do PSG feminino e ex-Lyon, são duas das principais opções para orientar a França na Austrália e Nova Zelândia.