A futebolista mais famosa do planeta nasceu em Mollet del Vallés, na Catalunha. Alexia Putellas, a capitã do Barcelona, de 29 anos, recebeu há poucos dias o segundo “The Best”, uma distinção que juntou às duas Bolas de Ouro, o que a transformou ainda maior neste desporto. Talvez a inspiração que tem em Serena Williams seja decisiva. A espanhola ainda não jogou esta temporada devido a uma lesão no joelho, por isso estará na bancada do Camp Nou a apoiar a equipa feminina na Liga dos Campeões, algo que nunca pôde fazer enquanto criança.
Em entrevista ao “El País”, Putellas refletiu sobre alguns temas e o primeiro foi a fama, que pode ser um problema se não se souber como gerir essa carga nos ombros, admite. “Posso entender perfeitamente que no final do túnel haja depressão. (...) Eu faço o melhor que posso o que sei fazer o melhor, que é jogar futebol, mas não escolhi ser uma referência. São as pessoas que te colocam nesse lugar”, explicou. A fama, ou ser famoso, pode condicionar a tua forma de ser pelo que outras pessoas dizem ou pensam. E isso é o que pode ser perigoso”, refletiu.
Quando referiu que a grande inspiração é Serena Williams, que tem “um legado que transcende o ténis”, perguntaram-lhe se julga estar a caminhar para essa condição. A catalã disse que nem pensa nisso, pois nada mudou antes e depois de receber a maior distinção individual no futebol. “A Bola de Ouro dá-te superpoderes? Não, és a mesma pessoa, tens as mesmas condições”, começou por dizer. “Umas condições que, evidentemente, podem melhorar ou piorar se trabalhas ou não trabalhas. E voltamos ao princípio da conversa: há que gerir isso bem."
Não tem especial prazer em alinhar em documentários e campanhas, garantiu ao “El País”, quer apenas “naturalizar” um mundo em que se fala tanto de homens como de mulheres. O regresso aos relvados leva atrelado um fantasma, o de não voltar a ser a mesma futebolista depois do massacre da lesão. Para tal tem trabalhado e conversado com quem passou pelo mesmo, pessoas que lhe aconselharam a pensar um dia de cada vez, sem definir grandes objetivos.
Sobre as guerras abertas em ano de Mundial feminino no futebol espanhol, francês, japonês ou canadiano, por exemplo, Putellas acredita que o problema está na “velocidade” com que tudo aconteceu, a evolução e reivindicações, o que apanhou alguns desprevenidos. “Também havia gente que não esperava o que está a acontecer."